Esqueça as emissões de automóveis e usinas elétricas. Os seres humanos podem ter contribuído para as alterações climáticas há mais de 10 mil anos, segundo um novo estudo publicado na revista científica Geophysical Research Letters. A pesquisa, que combinou dados de fósseis com modelos climáticos, revelou que a extinção dos mamutes – em parte devido à caça humana – pode ter causado mudanças na vegetação que, por sua vez, aqueceram a Sibéria e regiões próximas em mais de 0,2° C.
“Alguns dizem que as pessoas são incapazes de afetar o clima, que é simplesmente algo muito grande”, disse Christopher Doughty, pesquisador pós-doutorado na Instituição Carnegie para a Ciência, em Stanford, na Califórnia, EUA, e co-autor do estudo. “Isso obviamente não é verdade. E as pessoas começaram a afetar o clima global muito mais cedo do que pensávamos”, afirmou em entrevista ao site LiveScience.
A maioria dos pesquisadores marca o início da mudança climática causada pelo homem como tendo acontecido há 8 mil anos, quando a humanidade descobriu a agricultura. Mas como o Pleistoceno (período conhecido como Era do Gelo que teve início a cerca de 1.750.000 anos atrás e terminou há dez mil anos) se aproximava do fim, a megafauna, como mamutes e tigres dente de sabre, começou a ser extinta. Algumas das mortes foram resultantes do aquecimento, mas uma parcela provavelmente morreu devido à caça excessiva dos humanos.
Um estudo de 2009 concluiu que após a morte dos mamutes, o seu antigo habitat começou a mudar. Árvores de pequeno porte, uma vez protegidos da fome destrutiva dos mamutes, substituíram as pastagens. Como as árvores eram mais escuras do que as pastagens, absorveram maiores taxas de energia solar dando continuidade ao ciclo de aquecimento.
Mas a extinção de mamutes não é a única explicação para a proliferação de árvores. O clima mais quente também pode ter permitido que as árvores tivessem bases maiores e se reproduzissem mais.
Para destrinchar as respectivas contribuições dos mamutes ao aquecimento, Doughty e seus colegas basearam-se em dados sobre o impacto dos elefantes modernos em seus habitats e em registros fósseis de pólen de bétulas na Sibéria e Beríngia (uma porção de terra que uniu a Sibéria ao Alasca na Era do Gelo). Os pesquisadores descobriram que a superfície da terra coberta por árvores do gênero das bétulas aumentou 26% acima da média 850 anos depois dos mamutes começarem a morrer.
Usando dados sobre os elefantes modernos, os pesquisadores estimaram que a perda de mamutes foi responsável por 23% deste aumento e a mudança climática foi responsável apenas por 3%.
Ao combinar os dados das simulações de clima com os resultados sobre as perdas de vegetação, Doughty e sua equipe foram capazes de estimar que a extinção dos mamutes contribuiu com um aumento de temperatura de 0.2°C a 0,54°C durante este período.
Os pesquisadores não tem certeza dos motivos pelos quais os mamutes foram extintos ou sobre quanto os seres humanos são os culpados. Mas, segundo Doughty, dados apontam que a caça provavelmente desempenhou um papel fundamental nisso. O estudo sugere ainda que, ao contrário do que se costuma pensar, pequenas populações de seres humanos podem sim provocar alterações ambientais significativas.
Com informações do AmbienteBrasil
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