*Sandra Rosenfeld
Por que muitos de nós temos o hábito de responder pelo outro? Não tenho resposta certeira, mas tenho algumas ideias. No entanto uma coisa sei, com certeza, isso atrapalha mais do que ajuda.
Deixamos de falar, pedir e fazer coisas para ou com alguém acreditando que a outra pessoa não vai gostar, vai se sentir invadida, não vai aprovar ou simplesmente não vai querer. Mas com isso deixamos de viver situações que gostaríamos e que, talvez, o outro gostasse também.
Será que não é mais fácil perguntar antes de já dar a resposta para si mesmo, a resposta que caberia exclusivamente a outra pessoa?
Já ouvi casos de términos de relacionamento porque uma das partes não conseguiu entrar no namoro, entregar-se, de tanto que pensava e respondia pelo parceiro. Era uma coisa tão absurda que até telefonar era complicado, vai que ele está dormindo, vai que ele não quer falar agora...
Acredito que o medo da rejeição seja tão grande que não se consegue agir de forma natural. Isso não deixa o relacionamento evoluir e aprofundar, ao contrário, circula uma energia esquisita, que o parceiro percebe, porém não entende exatamente o que está acontecendo e pode acabar; e é o que mais acontece, por se afastar também.
São aqueles relacionamentos em que se pisa em ovos o tempo todo. Como se isso fosse evitar exatamente o quê? Nada. Ser autêntico, falar o que se deseja, externar opiniões e afetos é motivo de admiração, respeito e aproxima.
Uma coisa é ficar em cima da pessoa, forçar situações, encontros, outra é partilhar e compartilhar. É estar naturalmente presente.
Respeitar o tempo do outro não é estar reticente ou distante. É acolher o outro com as suas diferenças e, para isso, é preciso deixar o companheiro externar por ele mesmo o que quer e o que não quer, o que gosta e o que não gosta.
Isso tudo sem medo, sabendo que todo relacionamento no início se dá no escuro; e a luz vai entrando aos poucos. Quanto mais nos entregamos, quanto mais deixamos o outro à vontade, mas rapidamente tudo se clareia.
A meu ver, responder pelo outro pode esconder também o desejo de controlar. O que não deixa de ser outra faceta do medo de ser rejeitado.
Falar sem medo, perguntar o que tem dúvida e deixar o outro dizer que sim ou que não. Isso em nada pode de fato prejudicar o relacionamento, muito ao contrário. Quando não conseguimos agir de forma a nos mostrar numa relação, aí sim, a mesma está fadada ao fracasso.
*Sandra Rosenfeld
Escritora e Palestrante. Terapeuta em Qualidade de Vida como Instrutora de Meditação, Executive e Personal Coach.
Autora dos livros “Durma Bem e Acorde para a Vida” e "O que é Meditação", ed. Nova Era / Record.
Tels.: (21) 99628.6167
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