*Flávio Gikovate
Sempre que alguém se queixa de algum tipo de sintoma físico ou emocional, a primeira coisa que se faz é buscar alguma explicação. Isso está de acordo com nossas convicções, segundo as quais existem processos psíquicos não muito conscientes responsáveis pelo aparecimento do tal distúrbio.
Acontece que as explicações sempre recaem sobre problemas atuais, traumas do passado ou alguma outra condição negativa. Não é esta minha forma de pensar.
Penso que muitas vezes nossos sintomas podem ser movidos por mecanismos autodestrutivos que acontecem justamente quando estamos muito felizes.
Muitas vezes o surgimento dos quadros de pânico e a piora de fobias (ou hipocondria) acontecem ao longo dos melhores momentos da vida de uma pessoa, condição na qual ela poderá se sentir ameaçada a ponto de produzir algum tipo de sofrimento com o objetivo de amainar o medo da felicidade. Neste caso, o sintoma é o resultado de um desequilíbrio positivo.
Acredito também que alguns sintomas podem ser indício de bom senso! Isso é particularmente verdadeiro na área sexual, especialmente nos homens. É muito comum que experimentem total inibição sexual diante de determinadas mulheres muito exuberantes e que se comportam de uma forma um tanto agressiva (indício de um caráter autoritário).
O bloqueio sexual que tanto os envergonha e humilha está a serviço da melhor causa: impedir que sejam dominados e manipulados por mulheres muito interessantes, mas perigosas.
Quando um homem se apaixona, muito frequentemente experimenta total inibição sexual, ao menos nos primeiros tempos do novo e intensíssimo relacionamento. Está mais que certo que seja assim!
A paixão poderá implicar em uma alteração radical no rumo da vida daquele homem, de modo que cabe mesmo uma reflexão profunda acerca de se vale ou não a pena prosseguir com um relacionamento que poderá levá-lo a romper com todos os compromissos até então assumidos.
A razão pode falhar e agir de modo afoito. O pênis se retrai, age com a sabedoria e o discernimento que faltou; leva aquele indivíduo a uma imersão em si mesmo para saber se está mesmo disposto a prosseguir.
Diante da inibição sexual cabe ao homem perguntar: “qual a boa razão que está por trás do que está acontecendo comigo?”
Compartilhe!*) Flávio Gikovate é médico psiquiatra formado pela USP. Trabalha com psicoterapia breve, tendo atendido mais de oito mil pacientes. É conferencista e autor consagrado, com várias obras publicadas – inclusive no exterior –, que somam mais de 600 mil livros vendidos
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