Telmo Schoeler (*)
O Brasil se vestiu de verde amarelo a partir do dia 12 de junho. Esquecemos as mazelas econômicas, paramos para ver os jogos e recepcionar os estrangeiros. Mas, ao retornar à realidade, o caminho que iremos trilhar nesse ano de 2014 lembra o 7 a 1 que tomamos da Alemanha. Treze anos de desgoverno levaram o mundo empresarial brasileiro a tomar sete gols: custos crescentes de mão de obra; dificuldades de obter financiamento; logística cara; um câmbio que favorece importações e inviabiliza exportações; infraestrutura precária e onerosa, carga tributária asfixiante. O gol final é a perda de competitividade nacional e internacional, não só no futebol, mas na vida real.
Apenas não se queixam, por enquanto, os beneficiados por obras e benesses do governo. Aos demais ficou mais difícil, quando não impossível, a tarefa de produzir, vender, entregar, competir, sobreviver. É bem verdade que não está fácil para empresas nos quatro cantos do globo. Mas, para nós, terceiro mundistas aliados do atraso por opção de governo, os desafios são maiores, pois, além de lutar contra a concorrência, temos que fazê-lo contra um governo que não ajuda e ainda atrapalha e impede. Neste cenário, saem-se melhor as empresas de boa Governança, ou seja, as que são governadas dentro das boas práticas da moderna gestão, o que envolve qualificação e performance de acionistas, membros de Conselho, executivos e auditores.
Navegar, hoje, requer, antes de mais nada, acionistas informados, com capacidade analítica, visão holística do mundo dos negócios, disposição de mudança, capacidade de romper com o passado, consciência de que ninguém mais, individualmente, detém 100% da informação nem da capacidade. Requer, por outro lado, um grupo de pessoas capacitadas, experientes, com conhecimento do mundo empresarial e dos negócios, bem informados e conectados, independentes, construtivamente críticos, capazes de compor um Conselho apto a analisar os fatos, estabelecer estratégias, orientar e avaliar a atuação executiva. Exige, obviamente, um quadro executivo tecnicamente habilitado, adequadamente liderado, comprometido, que funcione de forma integrada e harmônica e focado na entrega de resultados e objetivos consistentemente estabelecidos. Pressupõe, finalmente, uma competente auditoria capaz de verificar e validar não apenas números, mas, também, processos, orientações e consistências.
Este conjunto nos auxiliará a definir aonde ir, se mudar ou manter, o quê, como e com quem. No mundo de hoje, tornou-se mais importante saber administrar do que apenas saber fazer. Pense nos casos bem sucedidos no meio deste tiroteio e verá boa Governança. Lembre dos casos de insucesso e dilapidação de valor - Petrobrás, Grupo X, Lupatech, Kodak etc - e verá sua ausência.
Pense, finalmente, como seria bom ter um governo que também seguisse essa estrutura e regras e que tivesse que zelar pelo país e o patrimônio público - que não lhes pertence - segundo a vontade dos acionistas (cidadãos eleitores), aprovado por um conselho capacitado e independente, gerido por gestores capacitados e profissionais - não mancomunados a partidos e nem políticos - e tendo suas ações verdadeiramente auditadas. Delírio? Ainda não proibiram nem taxaram os sonhos.
(*) Telmo Schoeler é sócio-fundador e Leading Partner da Strategos - Strategy & Management, fundador e coordenador da Orchestra - Soluções Empresariais
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