Considerado um sacramento, o matrimônio, na religião budista, é ministrado pelo abade ou (oficiante) no templo. Como estamos no Brasil, a cerimônia pode sofrer algumas variações, “ocidentalizou-se” um pouco, sem perder sua essência, sendo permitido o uso do tradicional vestido de noiva. Não é recomendável o uso de trajes da cor preta para noivos e padrinhos.
No altar onde se encontra a figura de Buda, só é permitida a presença do noivo, que fica ao lado esquerdo e a noiva , à direita , e dois (ou mais) padrinhos como testemunhas, permanecem atrás do casal ou de cada lado do altar, nunca atrás de Buda. Os noivos entram e caminham juntos até o altar, seguidos pelos padrinhos, que têm a função de orientar e aconselhar os recém-casados durante a vida. Vários toques anunciam o início da cerimônia. Nos toques, todos fazem reverências a Buda.
No altar ficam dispostos um vaso e um candelabro vazio. Os noivos deixam antecipadamente as flores (de preferência um maço de flores alegres, sem espinhos), e a vela vermelha sobre o altar. Ao chegar ao altar, a noiva faz a oferta da flor, e o noivo, por sua vez, oferta a vela acesa e assim inicia-se a cerimônia. “As ofertas são para evocar Buda e seus ancestrais para que eles abençoem os noivos. No altar também fica uma caixinha de incenso em pó, levado pela oficiante e aceso pelos noivos para evocar os seres iluminados”.
Exemplo de altar
A batida do sino anuncia a leitura do sutra (poemas que contam a passagem do Buda pela terra) e, neste momento os convidados que estão participando da cerimônia religiosa juntam as mãos, inclusive os padrinhos. Este gesto quer mostrar que o ato do juntar as mãos significaria a pessoa colocando sua mão junto à mão do Buda.
Um dos rituais mais significantes dessa cerimônia é o san-san-kudo ou três-nove em português, que é mantido em um bule. A bebida é servida em 3 xícaras, na maioria das vezes saquê, e cada um dos noivos têm de beber de cada uma das 3 xícaras, segurando-as com as duas mãos. A oficiante derrama um pouco de saquê na primeira xícara e a oferece à noiva, que toma seu conteúdo; em seguida, a mesma xícara é oferecida ao noivo e assim por diante, até os dois tomarem 3 goles da mesma xícara, passando para a xícara seguinte (mais 3 goles) e depois para a última xícara, completando 9 goles cada um. Este ritual remete às três jóias na religião: Buda, aquele que está desperto; Dharma, o caminho da compreensão e do amor, e Sangha, a comunidade que vive em consciência e harmonia.
Para cada tacinha, um significado:
1 - o Pinheiro, que permanece sempre verde em todas as estações. É a juventude, a força, a vida.
2 - o Bambu, que é flexível. Ele se dobra, mas não se quebra.
3 - a Flor da Ameixeira, porque é a primeira flor a desabrochar. Abre mesmo quando ainda há neve. Representa a beleza e a coragem.
A etapa seguinte são os votos, elaborados com antecedência pelos próprios noivos e lidos pelos dois, em conjunto, na cerimônia.
Em seguida, os noivos e padrinhos assinam o livro da oficiante e esta abençoa as alianças. Os noivos colocam as alianças.
Outro momento importante é quando o oficiante entrega os rosários de 108 contas aos noivos e os coloca na mão esquerda de cada um. São 108 portais para a iluminação. Cada obstáculo é um portal a ser superado.
No final da celebração, todos os presentes fazem um minuto de silêncio e mentalizam a harmonia e felicidade dos noivos.
FONTE: Márcia Maranhão Limongi para Monja Coen.
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