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Falta alguma coisa?: Explore o universo interno

Fazendo Contato

Por Patricia Fox*

Em conversas com as mais diferentes pessoas, uma das questões mais levantadas é: como em um momento de tanta facilidade em se comunicar, nos sentimos cada vez mais sozinhos?

Frequentamos lugares muito mais movimentados, temos inúmeras atividades diárias envolvendo grupos, mas mesmo assim há a sensação de falta. Falta de contato, falta de comunicação, falta de calor, falta de espírito.

Mas o que o espírito tem a ver com a necessidade de contato?

Tudo...

Espírito, espiral, fogo, calor... Todas as palavras levam ao mesmo princípio: Centro, foco! Acessar o próprio espírito nos dá a capacidade de nos tocarmos, de nos conectarmos ao nosso calor interior e à voz do nosso coração. Talvez somente dessa forma sejamos capazes de perder o medo de nós mesmos e, assim, seremos capazes de nos conectarmos aos outros, de verdade e com verdade.

Através desse raciocínio podemos nos perguntar: será que mais do que estarmos sedentos de contato com o outro, não estaremos na realidade sentindo falta de nós mesmos? Numa das melhores falas da peça “A Alma Imoral”, Clarice Niskier diz: “Haverá maior solidão que a ausência de si?”.

Mas como ter essa intimidade consigo? Explorando o universo interno. Ouvindo, pacientemente, sem pressa, sem julgar. Difícil? Talvez sim, no início... Vivemos em constante aprendizado e essa lição, de lidar com nosso universo interior, é uma das mais complexas e que levará a vida inteira... Ainda bem!

Penso que quando fazemos essas perguntas a nós mesmos, talvez já se esteja onde se deve estar. O questionamento e a disposição para mudança são ferramentas valiosas no caminho e isso já é uma decorrência de que as máscaras ou estão caindo ou não servem mais (dá na mesma). Isso acontece quando o que pensávamos ser deixa de fazer sentido. As garras que prendem essas máscaras se enfraquecem com as “perguntas certas”, parafraseando Clarissa Pinkola Estés (Nossa! quantas Clarissas e Clarices geniais, não? E eu nem citei a Lispector!).

Podemos começar com a seguinte pergunta: “O que deve morrer hoje para gerar mais vida?”.

Esse movimento de “desfolhamento” é mais passivo que ativo, e quero dizer com “ativo” algo que mais atrapalha no desenvolvimento emocional – o controle! Ora, é a própria vida e natureza que se ocupam do processo de desfolha. Complicado? Olhe pra uma árvore e você saberá do que eu estou falando.

Nada na natureza “É”... Tudo “ESTÁ”. Não somos algo, estamos em constante e eterno movimento vida-morte-vida, ou seja, estamos mais do que somos... “Ser ou não ser, eis a questão?” Perguntinha que não terá uma resposta lógica nunca ou está ai o tempo
todo, mas que passa tão rápido que você não consegue “pegar”, só vivenciar o efêmero que o momento contém.

No coração mora nossa essência e ela é puro movimento. Um tambor incessante, uma força que não controlamos, simplesmente flui e quando resolvermos não respeitar esse movimento, seja por violência física (péssima alimentação, por exemplo) ou emocional (rigidez, mágoa), ai sim teremos problemas.

A cada inspiração esse coração faz contato com o externo, o mundo que escolhemos acessar e a cada expiração damos ao mundo um pouco de nós mesmos, alimentamos o universo com essa espécie de morte, com esse ar que “expira” a validade que deve ficar dentro de nós.

Essa é a noção de conexão de micro e macro também, do “ser/estar” e do “Grande Ser/Estar”, da célula e do corpo.

Se deixarmos de respirar, deixamos de alimentar e de sermos alimentados, saímos da rede “vida-morte-vida” e nos tornamos estagnados, estéreis, sem integração, sem conexão, mortos no sentido equivocado e pequeno da morte. Morte para alguns está ligada com fim, mas esse fim não existe, é pura ilusão. Quantas pessoas na busca da estabilidade estão mais “mortas” do que vivas, por que justamente negam que algumas coisas precisam morrer?

A morte é tão sagrada quanto à vida. A vida está cheia de mortes e toda morte gera uma nova vida, tanto no sentido metafísico quanto no material. Simples assim. O motivo de tanta negação da morte? Falta de contato, de conexão... Aí entramos em outra questão: Luz e sombra!

Opostos que se complementam ou ainda duas partes de uma mesma parte que foi repartida?

Bom, tantas palavras e questões para voltarmos ao início da conversa.

Por que sentimos tanta falta do contato?

Antes de buscar tanto fora, tente compreender o que está aí dentro. Tente se ver como UMA PARTE que contém várias facetas, tudo o que você precisa. O passo seguinte, ou ainda paralelo, é aproveitar o contato com seres (não falo somente de humanos) que estejam na busca de si também, mesmo que muitas vezes possam aparentar serem muito diferentes de você. Projetar no outro o que você não consegue acessar em você, pode ser um caminho, mas normalmente não aproxima, pelo contrário, afasta. Tenha a coragem de enfrentar a ausência do outro para se encontrar com você. Tenho certeza de que dessa forma, quando você tocar ou for tocada, a sensação não será de complemento, mas sim de compartilhar!
Boa jornada!

(*) Patricia Fox é filósofa (graduanda), estudiosa de Espiritualidade Feminina há mais da metade de sua vida e criadora do site "FEMININO ESSENCIAL”: um Círculo de Mulheres Virtual.
No Twitter: @patriciafox
e-mail: [email protected]

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Comentários

  1. #1
    Inês Varella
    22/11/2010 08:58

    Bom dia Patricia Fox!!!!! Adorei, o que você, me comunicou hoje, eu estava precisando, sua mensagem é muito VERDADEIRA!! OBRIGADA POR SER VERDAEIRA!

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