Para os psiquiatras Hélio Elkis, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e professor da Faculdade de Medicina da USP, e Rodrigo Bressan, professor do departamento de psiquiatria da Unifesp, entender a esquizofrenia é uma das melhores formas de evitar o diagnóstico tardio, as recaídas da doença e o estigma social, três dos maiores desafios da doença no País
A esquizofrenia, uma doença mental crônica que afeta aproximadamente 1,4 milhão de brasileiros, tem sido assunto comum nas mesas de jantar, nas rodas de amigos e conversas de família. Isso porque a doença tem sido destaque da novela "Caminho das Índias", da Rede Globo, em que o ator Bruno Gagliasso interpreta o personagem Tarso, um jovem de família rica que é portador da doença. Apesar da enorme repercussão da novela, a esquizofrenia é ainda uma doença cercada de preconceitos e incompreensões, como alertam os psiquiatras Hélio Elkis, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do Projesq - Programa de Esquizofrenia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, e Rodrigo Bressan, professor da pós-graduação do centro de psiquiatria da Unifesp, que participaram do "Workshop: Esquizofrenia - a saúde mental em discussão", promovido pela Janssen-Cilag, que teve a presença do ator Bruno Gagliasso, da Rede Globo. O evento também abordou a importância da arte no tratamento e apresentou um dos maiores programas de arte para pacientes de esquizofrenia no Brasil, o "Arte de Viver", concurso cultural que reuniu mais de 800 obras no Brasil inteiro.
No evento, os psiquiatras foram unânimes em afirmar que o conhecimento da doença é uma das melhores formas de combater o estigma social presente na condição que, além de causar uma série de consequências psicossociais, também é responsável por agravar a doença. "Além de diminuir o preconceito causado pela falta de informação sobre a doença, o conhecimento da esquizofrenia também evita o diagnóstico tardio. Quanto mais tempo a pessoa fica sem tratar a doença, mais degenerativa ela torna-se para o cérebro", afirma Rodrigo Bressan. E para isso, a família é fundamental, segundo o psiquiatra. Normalmente, é a família que leva o paciente para o médico, uma vez que o portador dificilmente se convence que precisa ser tratado. "Por falta de conhecimento sobre o que está acontecendo, a família acaba rotulando o portador com adjetivos pejorativos que não ajudam em nada no tratamento da doença. Entender o que se passa com o portador é o primeiro passo para reintegrá-lo à sociedade e ajudá-lo a ter uma vida com qualidade", afirma Bressan.
Esquizofrenia
A esquizofrenia é uma doença mental crônica com causas multifatoriais, cujos sintomas normalmente se manifestam no fim da adolescência e podem incluir retraimento social, alucinações visuais e auditivas bem como idéias delirantes. Segundo o psiquiatra Hélio Elkis, há uma série de estudos sendo realizados para entender a causa da doença e várias hipóteses têm sido pesquisadas. "Há alguns mitos em relação à causa da doença. Um deles é que a mãe seria a causadora ou que a esquizofrenia é provocada por traumas psicológicos. Estas teorias, em voga nos anos 60 e início dos anos setenta mostraram-se, com o tempo, erradas. Hoje se sabe muito bem que a esquizofrenia, como todo transtorno mental, é uma doença do cérebro e que as causas são múltiplas. Fatores de risco que não eram suspeitados, hoje são bem conhecidos, como a idade paterna que, quanto maior, mais elevado o risco de esquizofrenia", explica Elkis.
Para o psiquiatra, um dos grandes desafios da doença é diminuir as recaídas, isto é, o retorno dos sintomas, que agravam a degeneração do cérebro provocada pela esquizofrenia. "Há estudos que apresentam evidências indiretas de que a recorrência dos sintomas está associada à maior atrofia de certas regiões cerebrais e a progressão da doença". Elkis também reforçou a importância do tratamento medicamentoso. "É fundamental que o paciente mantenha suas atividades, invista numa carreira, num estágio profissionalizante, em arte, e em outras abordagens, mas o tratamento medicamentoso é essencial para manter a qualidade de vida do paciente".
A adesão ao tratamento também foi outro tema enfatizado pelos psiquiatras. Segundo Bressan, convencer o portador que ele precisa tomar a medicação e frequentar o médico é um dos grandes desafios no tratamento. "Não se aconselha dar remédio escondido do paciente. Ele precisa saber que a medicação melhora o seu quadro clínico e evita as recaídas dos sintomas", afirma. De acordo com o psiquiatra, a terapia deve ser adequada às características do paciente e há medicamentos mais modernos que diminuem o problema de abandono do tratamento. "Já há disponível medicamentos de depósito em que o paciente toma a medicação apenas duas vezes por mês, diminuindo a necessidade de se preocupar todos os dias com o tratamento", alerta.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista com o ator Bruno Gagliasso, que interpreta o personagem Tarso, portador de esquizofrenia, na novela "Caminho das Índias".
Pergunta: Como foi a pesquisa para o personagem Tarso, portador de esquizofrenia, na novela Caminho das Índias, da Rede Globo?
Bruno Gagliasso: Ao contrário de outros personagens, nos quais você faz o laboratório antes e depois interpreta a novela, meu laboratório com este personagem é constante. Eu já conhecia a doença porque interpretei o personagem principal na peça Van Gogh, que me ajudou muito na construção do personagem Tarso. Estou aprendendo todos os dias com as pessoas que encontro que têm a doença e que me param para falar sobre a novela e sobre sua história pessoal. Como ator, tenho o compromisso de esclarecer a população sobre este assunto tão sério e tentar diminuir o preconceito muito forte que existe ainda sobre a condição. Frequento centros de psiquiatria e li muito na internet sobre o tema. Por isso, fiz até um blog sobre o assunto. É um espaço muito interessante, recebo todos os dias depoimentos de pais, mães e portadores de esquizofrenia.
As pessoas algumas vezes confundem o personagem com o ator na vida real? Isto tem acontecido com você, com o personagem Tarso?
Eu tive a sorte de fazer uma série de personagens diferentes e todos bem diferentes de mim. As pessoas não me confundem com um portador de esquizofrenia, mas muitas pessoas vêm me agradecer ou contar uma história sobre a esquizofrenia. Todo mundo conhece alguém que tem esquizofrenia e, neste sentido, acredito que a novela está ajudando muito. Um rapaz me encontrou na rua e disse que percebeu que tinha a doença e foi procurar um médico após assistir à novela. Ninguém me confundiu com um portador de esquizofrenia, mas se isso acontecer, vou ficar feliz. Vejo que a falta de conhecimento sobre a doença é muito grande. Eu mesmo não conhecia a esquizofrenia e me envergonho disso, por não ter me envolvido antes nesta causa. Fico muito feliz de poder ajudar a trazer mais informações sobre um assunto tão sério. Temos que fazer pressão para aumentar a conscientização das pessoas sobre o tema. A esquizofrenia mexeu muito comigo e é um tema de muita importância para a sociedade. Precisamos falar mais sobre a doença.
Você já foi alvo de preconceito interpretando este personagem?
Eu pessoalmente não, mas vejo o preconceito diariamente estudando o tema. Uma vez eu fui até um centro de psiquiatria para falar com uns portadores de esquizofrenia e levei de acompanhante um motorista de taxi conhecido meu. Ao ser convidado para entrar no centro, o motorista ficou com medo, achando que só havia pessoas malucas dentro do local. Depois de muito insistir, ele entrou comigo no centro e conversou com uma série de pacientes de esquizofrenia, sem saber que eles tinham a doença. Ficou abismado ao perceber como ele tinha uma concepção errada da esquizofrenia. Ele tinha preconceitos sobre a doença por falta de conhecimento sobre o tema. As pessoas acham que a pessoa com esquizofrenia vai ficar agindo de forma estranha, girando a cabeça, falando sozinho, fazendo loucuras, o que não é verdade. Há uma série de pessoas entre nós que têm a doença e nem imaginamos.
E a família do Tarso, como você analisa?
A família inteira adoece com a esquizofrenia e a falta de conhecimento só piora a doença. A família do Tarso não consegue aceitar que ele tem um problema e precisa ser tratado. Eles negam a doença por preconceito. Se a família do Tarso aceitasse a doença, buscasse tratamento, muito sofrimento poderia ser evitado. Há tratamentos para esquizofrenia e eles são fundamentais para o controle da doença. A família precisa aceitar a doença e buscar ajuda. Eu, como ator, tenho a obrigação de falar sobre a esquizofrenia e fazer pressão para que o preconceito diminua.
olá!olha só, nasci no interior da paraiba,passei umas poucas e boas,minha mãe largou meu pai eu tinha seis anos,recordo como se fosse hoje. meu pai era inconstante,eu tiha um irmão que era diferente,diferente no comportamento.ele era muito organizado e não gostava de coisa errada (fazer arte para idade seria normal)minha irmã ficou com meu pai na paraiba minha mãe eu e meus quatro irmãs seguimos para macéió.minha irmã só ficou ,porque minha vó não deixou. passados sete anos meu pai e minha irmã ficaram doentes,meu paia aos quarenta minha irmã aos desessete,ficaram esquizofrenicos. minha irmã foi tratada em maceió e logo quis voutar para a paraiba e depois para o rio de janeiro,não tinhamos ciencia da gravidade do problema,logo resolvemos ir embora de maceió para s.josé do rio preto sp.Logo após seis meses tivemos que buscar minha irmã no rio e em seguida meu irmão tambem ficou doente. o mais novo tem problemas com droga porém ele é muito bom.pois bem após quinze anos em rio preto meu outro irmão fica doente,pronto foi um deus nos acuda,precisei adiantar minhas férias para poder acompanhar e seguir por onde ele ia.de todos ele é o que inspira mais cuidado e o mais novo é o que precisa mais compreenção puxa como se não bastasse ele é o "mordomo de mãe" e está com um problema ainda maior. hoje sofro com o preconceito e vou fazer de tudo para ajudar meus irmãos principalmente o mais novo pois não sei quanto tempo ele vai estar com agente. gostaria de receber resposta para ter certeza de que meu comentário e pedaços dessas vidas foram comentados.O MEU MUITO OBRIGADO .NÃO COMENTEI ANTES PORQUE NÃO TINHA ACESSO .NEM SABIA COMO.....
descobrir esta com esqsofrenia,mas comecei com esse medo desde meus 18 ou 19 anos e tinha impressao q alguem vinha para agarrar o meu pe,me empurrar,e assim por diante e queria saber se essa doenca tem cura e quais os princinpais medicamentos que um esqsofrenico podera usar. andrea maceio,alagoas.
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