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Corrida contra o tempo: AVC exige cuidados na prevenção e na reabilitação

Em 2014, estado do Rio registrou mais de 10 mil internações decorrentes da doença;

 

Dia mundial de combate à doença é comemorado no dia 29 de Outubro

 

Nesta quinta-feira é comemorado o Dia Mundial de Combate ao AVC. Muito se fala sobre a prevenção da doença, porém, o que é feito com os pacientes que sobrevivem? De acordo com projeções baseadas em dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 60% dos cerca de 285 mil brasileiros acometidos pela afecção sobrevivem, e destes cerca de 50% desenvolverão alguma sequela. Só no Rio de Janeiro, em 2014, foram mais de 10.500 casos de internação registrados pelo SUS.

 

A cada seis pessoas no mundo, uma está sujeita a sofrer um Acidente Vascular Cerebral, o popular derrame. A doença é a primeira causa de incapacidade do país e a jornada do paciente acometido pela afecção, após o diagnóstico e tratamento agudo, tem um novo e fundamental direcionamento: a reabilitação.

 

De acordo com a Dra. Luz Adriana Paez Perez, chefe do serviço de Neurofisiologia Clínica e do laboratório de toxina botulínica da ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação), o campo da reabilitação visa a independência funcional das pessoas em todos os aspectos, nas atividades diárias, como alimentar-se sozinho, no campo físico e também no psicológico. “É uma mudança muito súbita e muito grave em um paciente que era completamente independente e se vê de forma dependente de outras pessoas”, explica.

 

Há nove anos, a esposa de Juarez Ortega foi encontrada em coma profundo após sofrer um AVC. Após 45 dias de internação, ela foi para casa com sequelas gravíssimas como cegueira, limitação dos movimentos e danos cognitivos. “No primeiro momento é um estado de absoluta perplexidade. Ela era uma pessoa absurdamente dinâmica, muito mais do que eu, e de repente ela está absolutamente incapaz”, conta.

 

Para ele, médico geriatra, receber a informação o levou a pensar também de maneira mais técnica e a não medir esforços para recuperar aquelas sequelas. “A gente procura dar o máximo de contentamento e estímulo mesmo vendo que existem limitações. Parecia tudo impossível, mas como eu resolvi que ia se fazer o máximo, foi um trabalho incrível. Para se ter uma ideia, após algum tempo de reabilitação ela recuperou a visão, alguns movimentos e deixou de utilizar a sonda para se alimentar”.

 

Seja no atendimento médico de urgência na fase aguda, quando os primeiros sintomas aparecem, ou na iniciação da reabilitação, é importante que o paciente receba os principais cuidados o quanto antes. “Inúmeros estudos demonstram que quanto mais precoce se inicia a reabilitação, menores serão as incapacidades manifestadas pelas pessoas acometidas pelo AVC. Da mesma forma, mais facilmente essas pessoas conseguirão superar dificuldades diárias relacionadas a déficits, caso não se recuperem totalmente", explica o professor de neurologia Marco Antônio Araújo Leite, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense.

 

Entre as sequelas motoras mais comuns está a espasticidade, uma das mais dolorosas também. Segundo a Associação Brasil AVC, a afecção acomete 40% das pessoas que sofreram um Acidente Vascular Cerebral. Trata-se da rigidez constante de um músculo, que impossibilita que pequenas tarefas do dia a dia sejam executadas, como escovar os dentes, manusear objetos como talheres e escrever. 

 

Um estudo publicado recentemente pela revista The Lancet Neurology comprovou que o uso da toxina botulínica em pacientes com espasticidade pós AVC melhora significativamente os movimentos dos membros superiores.

 

O experimento, envolveu cerca de 34 centros de referência em todo o mundo que foram tratados com uma determinada apresentação do medicamento em mais de 240 pacientes com espasticidade, comprovou além da baixa incidência de efeitos colaterais, que a substância foi capaz de melhorar os movimentos dos pacientes com sequelas que afetavam desde os dedos até os ombros, ampliando a capacidade de alongamento  dos músculos, permitindo uma maior movimentação de articulações  e desenvolvendo assim uma grande melhora na qualidade de vida dessas pessoas.

 

Essa melhora representa o início da reinserção do paciente no convívio com outras pessoas. Ao ser acometido por um AVC, muitas pessoas se isolam e não procuram o tratamento adequado. A possibilidade de reestabelecer a esse paciente os movimentos de seus membros superiores é uma forma de inseri-lo novamente no convívio social e fazer com que ele se sinta mais ativo dentro da comunidade em que está inserido. “É importante que o paciente retorne à atividade social, que é muito benéfica para o cérebro. O que o paciente conseguir fazer em termos de participação de atividades domésticas ele deve fazer para exercitar o cérebro dele. Deixar que o paciente exercite o déficit e não protegê-lo e impedir que ele se recupere disso é o dever da família", comenta Dr. Gabriel de Freitas, neurologista responsável pelo setor de doenças cerebrovasculares do Hospital Universitário da Universidade Federal Fluminense. 

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