Maneiras de identificar pessoas com problemas com o uso de álcool
O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool – CISA, organização não governamental que se destaca como uma das principais fontes no país, oferece informações sobre como identificar o desenvolvimento de problemas com álcool.
Segundo especialistas da ONG, alguns sinais podem indicar a necessidade de maior atenção no uso de bebidas alcoólicas. Por isso, vale a pena observar:
Com que frequência a pessoa bebe e em quais ocasiões (sozinho, entre amigos, em festas);
Se a quantidade ingerida vem aumentando gradativamente;
Se há um padrão no consumo. Por exemplo: todo dia após chegar do trabalho, ou antes de comer;
Se o consumo de álcool atua como uma ferramenta para lidar com estados afetivos negativos, como o estresse ou a tristeza;
A frequência em que exala ou apresenta hálito alcoólico;
Mudanças frequentes de humor ou irritabilidade;
Falta de assiduidade no trabalho e/ou queda no rendimento;
Se está apresentando aparência mais “desleixada”;
A falta de envolvimento em atividades que antes o interessavam;
Se tem se mostrado mais cansado, com baixa energia ou preguiça constante.
Os sinais citados acima não afirmam que o indivíduo possua algum transtorno, mas servem como um alerta, e possibilitam a intervenção preventiva ao desenvolvimento de problemas maiores por uso de álcool. É necessário buscar a ajuda de profissionais da saúde especializados para o diagnóstico.
A dependência do álcool, ou alcoolismo, é uma doença crônica, multifatorial e compreende diferentes sintomas, como desejo intenso de beber, perda de controle (como beber mais que o planejado), dependência física (sintomas como sudorese, tremedeira e ansiedade quando diante do não consumo de álcool), e tolerância (mesmos efeitos passam a ser obtidos com ingestão de doses maiores).
Ao falarmos de pai, levanta-se a ideia do homem como chefe de família. Sendo assim, é importante ressaltar que tanto o consumo de álcool como o desenvolvimento de problemas relacionados é mais comum entre os homens; e que a presença de história familiar de parentes com problemas relacionados ao uso de álcool é um fator fortemente associado ao risco para o alcoolismo.
De acordo com a 4ª edição do Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), a dependência é definida como a repetição de problemas decorrentes do uso do álcool, que levam a prejuízos ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado por, pelo menos, três dos critérios expostos nos tópicos abaixo, ocorrendo a qualquer momento no período dos últimos 12 meses.
Critérios para dependência de álcool – DSM-IV
Tolerância: Definida por qualquer um dos seguintes aspectos:
necessidade de quantidades progressivamente maiores da álcool para adquirir a intoxicação ou o efeito desejado;
acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma quantidade de álcool.
Abstinência: Manifestada por qualquer um dos seguintes aspectos:
apresentar a síndrome característica de abstinência ao álcool*;
consumir bebidas alcoólicas (ou uma substância estreitamente relacionada) para aliviar ou evitar sintomas que surgem durante a abstinência.
O álcool é frequentemente consumido em maiores quantidades ou por período mais longo que o pretendido;
Desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso;
Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção e utilização do álcool ou na recuperação de seus efeitos;
Importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso;
O uso de bebidas alcoólicas continua, apesar da consciência de que um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente é causado ou exacerbado pelo consumo (p.ex., consumo continuado de bebidas alcoólicas, embora o indivíduo reconheça que uma úlcera piorou pelo consumo dessa substância).
Caso o indivíduo venha a apresentar problemas repetidos relacionados ao uso do álcool em ao menos uma das quatro áreas do viver (social, interpessoal, legal e trabalho/ocupação), ou ainda caso o uso implique em comportamentos de risco, como beber e dirigir, por exemplo, já é diagnosticado o abuso do álcool, e há indicação para buscar ajuda, mesmo quando não se trata de franca dependência.
Em suma, caso perceba que seu pai, ou que o pai de seus filhos apresenta situações nas quais o álcool esteja influenciando negativamente sua saúde física e/ou rotina, funções acadêmicas e/ou profissionais e suas relações interpessoais, recomenda-se fortemente que procure ajuda adequada. Vale ressaltar que não são poucas as vezes em que o tratamento inicia-se pela família ou pelas pessoas mais próximas, principalmente quando o usuário de álcool não aceita que está passando por um problema, não reconhece que o uso de bebidas alcoólicas lhe traz consequências negativas ou está desmotivado para buscar ajuda**. O tratamento é feito buscando melhorar a qualidade de vida do paciente e das pessoas que convivem com ele, e salientamos que a maioria das informações descritas para o uso do álcool também podem ser consideradas para o uso de outras substâncias que também causam abuso e dependência.
* Esta síndrome pode aparecer em pessoas que interromperam o consumo do álcool, após um período de uso prolongado e pesado. Alguns dos sintomas que são característicos da síndrome são: tremores, insônia, náuseas, vômitos, sudorese, taquicardia, agitação, ansiedade e convulsões.
** Para saber mais sobre a importância da família no tratamento do alcoolismo, acesse: http://cisa.org.br/artigo/2758/-importancia-familia-no-tratamento-alcoolismo.php.
Observação: Recentemente foi lançada a nova versão do DSM (DSM-5), com mudanças importantes no diagnóstico do alcoolismo, contudo, a versão anterior do manual, DSM-IV, permanece como referência e ainda é amplamente utilizada. Para saber mais sobre as mudanças, acesse: http://cisa.org.br/artigo/4010/-que-alcoolismo.php
Sobre o CISA
O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool – CISA, organização não governamental criada em 2004 e qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) desde 2005, foi fundado pelo psiquiatra e especialista em dependência química Dr. Arthur Guerra de Andrade.
Obrigado! Seu comentário foi enviado
Oops! Algo de errado aconteceu ao enviar seu comentário :(