Por Suely Buriasco
Por mais que a gente diga que não tem obrigação de agradar ninguém, muitas vezes nossa ação é contrária. Claro que num relacionamento, a dois ou de amizade, é necessário entender ao outro e por vezes ceder em algumas situações, mas até que ponto isso é saudável?
É muito comum a frase: “faço tudo por você!”. Ela pode ser um desabafo, uma cobrança ou uma insatisfação. De qualquer forma denota uma constatação imperfeita, pois como é possível viver fazendo “tudo” por alguém? Existem mesmo pessoas que se esforçam nesse sentido, acabando por esquivar-se da própria vontade, o que não me parece nada saudável. No relacionamento a dois, por exemplo, não é raro as pessoas depositarem seus anseios, seus sonhos e realizações no sentido de ser agradável ao cônjuge e, quase sempre, esbarram em grandes desilusões.
Até mesmo nas amizades, existem pessoas que vivem para agradar aos outros, como forma de driblar a insegurança existente dentro de si.
O pior é que sequer perguntam ao outro, seja ele o amigo ou o cônjuge, se ele realmente quer essa simbiose, afinal, não é nada atraente conviver com alguém que diz sim para tudo, que não tem posicionamento nem opinião própria.
Moldar a personalidade de acordo com o que considera conveniente para a relação, criando expectativas que o outro faça o mesmo é sempre um grande perigo e costuma provocar conflitos intensos. Então é comum que se desencadeie uma “roda-viva”, pois diante da crise, no caso específico do relacionamento a dois, o cônjuge inseguro passa a agir de maneira servil, cedendo demais na ânsia de se sentir mais amado. Mesmo que aparentemente isso possa dar resultados, com o tempo o desgaste da relação acontecerá com maior amplitude e complexidade.
Em qualquer tipo de relação querer satisfazer plenamente pode ser sinal de insegurança e causar muitos aborrecimentos. Para que os relacionamentos sejam saudáveis, faz-se necessário que haja respeito e entendimento de ambas as partes, o que não é realizável numa relação subserviente. Bom pensar que viver tentando agradar o outro é sempre motivo de frustração, primeiro porque é impossível agradar todo o tempo, segundo que nessa tentativa certamente não será fácil agradar a si mesmo.
Diante de qualquer situação uma medida sábia é refletir se ceder significa renúncia edificante ou aquiescência servil. No primeiro caso, a pessoa muda para tornar a sua vida melhor; no segundo muda na ilusão de melhorar a vida do outro. Vale o discernimento!
*Suely Buriasco é Mediadora de Conflitos, escritora, educadora com MBA em Gestão estratégica de Pessoas
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