Paulo Sérgio Buhrer*
Eu não acredito em testes psicológicos vocacionais. Respeito quem acredita, mas penso que eles não tem muito fundamento prático, porque, dentre outros fatores, não levam em consideração o estado emocional na hora do teste. Uma pessoa que está desesperada procurando trabalho, se for fazer um teste, terá respostas completamente diferentes das que teria se estivesse procurando uma nova oportunidade, pois está bem empregada no momento.
Você já viu algum teste apontar que sua vocação é ser gari? Ou quem sabe, limpador de esgoto? E se apontasse, será que alguém que recebesse esse mapa da mina pagaria pela consulta?
Eu acredito muito mais em ouvir o coração. O problema é que vivemos fugindo do que o nosso coração diz. Enquanto podemos, vamos decidindo apenas sob o foco racional. Mas com o passar dos tempos, percebemos quanto tempo perdemos lutando contra o que ele nos disse desde o início.
Você pode fazer testes que apontam que caminho seguir? Claro que pode. Como pode também ouvir o horóscopo, os curandeiros, médicos, o padre, pastor, enfim, quem quer e o que quer que seja. Porém, não deixe de lado o que seu coração lhe diz.
Acredito que onde está o nosso coração, está nossa essência. O difícil é ouvir corretamente o coração. Muitas pessoas ouvem outras vozes e querem acreditar que é o coração quem fala. Vozes da vontade, da vaidade, da ambição desmedida, da conveniência.
Qual é a voz do coração então? Aquela que nos aponta para uma direção boa, onde você ganha e as outras pessoas também ganham. Se você ouvir uma voz e perceber que o caminho que ela aponta vai prejudicar, de alguma forma, alguém, não é a voz do seu coração que está falando.
Lembro de um palestrante que me ligou certa vez para fazermos um evento juntos. Fiquei feliz, porque era alguém que eu admirava. Porém, ele me disse que minha equipe deveria organizar o evento, fazer a divulgação, vender os ingressos, comprar suas passagens aéreas, buscá-lo no aeroporto local, levá-lo ao hotel e depois para o evento. Pra finalizar, me disse que o resultado seria 70/30. Pensei: “puxa, vale à pena. Trabalhamos mais, porém, ganhamos mais também”. Contudo, ele encerrou dizendo: “E os meus 70 você deposita direto na minha conta”.
Claro que recusei o trabalho, mesmo sendo de uma pessoa que eu admirava até então.
Eu sei que você ouve seu coração, e talvez só não esteja atendendo aos seus pedidos. Quando ele diz: “Hei, pare um pouco com essa pressão profissional. É hora de dar atenção à sua família”, você responde: “é só mais esta noite, mais esta viagem. Amanhã estarei em casa”, e segue para seus compromissos, mesmo correndo o risco de encontrar apenas um bilhete de despedida ao regressar para seu lar.
E quando ele fala: “Amigo, se comprometa mais com sua carreira. Você precisa se empenhar mais em dar o que esperam de você na empresa”. E você responde: “semana que vem me comprometo a bater a meta, agora preciso ficar aqui em casa grudado no sofá, vendo meu programa predileto”, mesmo correndo o risco de encontrar uma carta de demissão na manhã seguinte ao chegar no trabalho.
Nas relações afetivas ouvir o coração é vital. A razão é muito fria para que uma união seja feliz. Se usarmos apenas a razão, quando a parceira perguntar: “ficou bom este vestido verde-limão?”, tenderemos a dizer: “minha nossa, está horrível e parecendo um destaca-texto gigante”. Quando ouvimos a voz do coração, a resposta seria: “está bom, mas aquele vermelho é muito mais fantástico meu amor”.
Com os filhos também é assim. Os pais não ficam felizes quando o filho chega e diz que tirou nota ruim na escola, e aqueles que não ouvem o coração respondem: “como pode fazer isso. Nos matamos de trabalhar e você responde dessa maneira, vai ficar de castigo”. Os pais sensacionais, que escutam o coração dizem: “filhão, senta aqui. Como podemos melhorar isso? Você é muito melhor do que essa nota ridícula que tirou, não é?”.
Nossa essência é sempre boa, e é por isso que devemos ouvir o coração com mais frequência, pois ele sempre sabe o que é o correto a ser feito, seja pessoal ou profissionalmente. Quando o ouvimos e agimos conforme suas orientações, o que parecia não ter fundamento, começa a fazer todo o sentido do mundo.
Quando realmente aprendemos a ouvir nosso coração, e a reconhecer sua voz, ele sempre tem as respostas certas, ou pelo menos faz as perguntas que nos conduzem a encontrá-las. Ele sempre sabe com o que encher e o que tirar da caixa da nossa vida.
Ouvir o coração é ter a coragem de não aceitar uma proposta de trabalho tentadora do ponto de vista financeiro, mas que vai assaltar sua honra, dignidade, e esmagar seus valores como ser humano.
Aprenda a ouvir a voz do seu coração. Assim, todo dia você dá um passo para ficar mais perto da sua essência e de ser uma pessoa que emana alegria, felicidade, paz de espírito.
E, inevitavelmente, quando aprendemos a ouvir realmente a voz do nosso coração, o sucesso na carreira, o dinheiro, e tudo que é riqueza da vida vêm, no tempo certo, em nossa direção, como se fôssemos um ímã atraindo o metal.
Você sabe ouvir a voz do seu coração e seguir suas orientações?
Grande abraço, fique com Deus, sucesso e felicidades sempre.
*Sobre Professor Paulo Sergio Buhrer
*Consultor, palestrante nas áreas de motivação, vendas, gestão, liderança e também escritor, com 12 anos de intensa dedicação em estudar o comportamento do ser humano. Autor do livro “O CÓDIGO PENSSAARR” e o DVD DE TREINAMENTO “Pessoas comuns, resultados extraordinários – motivação e vendas” [email protected]
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