Para dar um basta no período de conflito interno, o primeiro passo é tentar descobrir os motivos da tristeza. O que detonou a crise de autoestima? De acordo com os psiquiatras, por trás dela se esconde um sentimento de perda ou uma expectativa frustrada, seja o fim do casamento, seja o esperado aumento de salário que não conseguiu.
Você pode seguir um roteiro para essa reflexão:
1. Relembre os últimos fatos negativos de sua vida. Relate essas experiências para si mesma, como se estivesse contando-as a alguém.
2. Durante o relato, reduza a intensidade das autocríticas. Troque “tenho certeza de que ele me achou horrorosa” por “eu estava muito bem no nosso primeiro encontro, porém não sou o tipo dele”.
3. Compreenda que as coisas não são exatamente como gostaria que fossem – nem para você nem para ninguém.
4. Na conclusão, busque algo de positivo nas experiências vividas por você.
Este último item talvez seja o mais difícil de cumprir. A avaliação positiva depende do tipo de filtragem que se faz dos acontecimentos, o que, por sua vez, está vinculado ao modo de pensar construído desde a infância. Se a criança cresceu sentindo-se rejeitada, sem amor e sem carinho, quando ouvir na fase adulta um elogio do tipo “como você é inteligente”, filtrará negativamente e em seguida concluirá: “impossível, ele está sendo irônico”.
Para reverter esse raciocínio, a terapeuta corporal Valéria de Castro, no seu livro O Ser Emocional (Ediouro, 160 páginas), sugere dar e aceitar “toques quentes”. Diga para si mesma “Eu estou surpreendente” e, quando ouvir isso de alguém, concorde: “Pode elogiar. Hoje me superei”. Essas atitudes têm o poder de moderar a autocrítica e deixá-la menos severa consigo mesma.
Maturidade é a base de tudo
Amar-se não é tão simples como imaginamos. Às vezes, em decorrência de uma fase de autoestima em baixa, sabotamos de maneira inconsciente nosso prazer. Desistimos justamente daquelas atividades que funcionariam como antídoto da crise. Não achamos mais a menor graça em sair com as amigas só para rir um pouco e faltamos à aula de hidroginástica que tanto nos relaxa. Além disso, exacerbamos nosso senso crítico e deixamos que um preciosismo nos invada repentinamente – passamos a duvidar da qualidade de nossas tarefas no trabalho diário ou taxamos de ridículo nosso modo de vestir, sempre tão elogiado pelos outros.
Parar de se sabotar e manter um bom nível de auto-estima depende, antes de tudo, de maturidade. “Sem ela não se atinge a estabilidade emocional necessária para lidar com os sentimentos e para enfrentar situações que podem abalar o auto-reconhecimento”, diz a psicóloga.
Importante: aceitar mais e cobrar menos
Enfim, qual o segredo para não extrapolar essas fronteiras e lidar com rejeições, perdas, frustrações e golpes duros sabendo a hora certa de sair do fundo do poço? Amadurecer e entender que somos humanas, cheias de qualidades e defeitos, expostas a durezas e alegrias cotidianas, sujeitas a erros e acertos nas decisões que tomamos e que nos são impostas dia a dia. Exatamente como todos os seres humanos.
Saber relativizar a importância de um problema – ou seja, se martirizar apenas quando for o caso – e aceitar com mais brandura as contingências da vida nos tornará pessoas mais estáveis e felizes.
Lembre-se: as coisas nem sempre acontecem como esperamos, nunca seremos exatamente como gostaríamos e tampouco somos deuses para controlar o desfecho dos acontecimentos.
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