Procuro uma posição de conforto para permanecer em atitude relaxada, entendendo que o relaxamento não é algo que eu possa ou deva fazer. Posso fazer coisas desde o relaxamento, mas o relaxamento não é fazer coisas, nem deixar de fazer.
Observo então que o corpo assume naturalmente a posição vertical, sem esforço, e permanece descontraído na firmeza natural do ?sana. Vejo que essa mesma atitude se estende à tranquilidade no meu coração e aos conteúdos da paisagem mental. Por um momento paro e observo a quietude do corpomente.
Logo, permito que a respiração flua sem nenhuma interferência; sem esforço, sem nenhum tipo de comando ou esforço da mente. Ao mesmo tempo, percebo o respirar e permito que a atenção se centre na expansão e no recolhimento da respiração natural. Consciência total na respiração; consciência total na fluidez da expansão e o recolhimento do pr??a, a força vital.
Assim, passo para a prática chamada vi?var?pa dhy?na, antiga meditação que e aparece na Taittir?ya Upani?ad. Nesta contemplação, mantendo os olhos fechados, observo meu corpomente dentro do espaço desta sala. Logo, visualizo a sala na cidade: tomo consciência da dimensão da sala em relação ao tamanho da cidade. E também tomo consciência da dimensão do meu corpo em relação ao tamanho da cidade.
Tomo consciência do tamanho da cidade em relação ao país, tomo consciência do tamanho do país em relação ao continente. Observando desde o corpomente, percebo a dimensão do continente, com todas as montanhas, os rios, as planícies, contendo tudo o que o ser humano fez ao longo da história e tudo aquilo que é objeto criado pela natureza.
Tomo consciência dos dois lados do continente, banhado pelos dois oceanos que são muito maiores que a própria terra. Visualizo agora o planeta inteiro, abrangendo os outros continentes e o terceiro oceano, que não banha esta terra onde estou agora. E lembro que as águas dos três oceanos se misturam, são em verdade uma só. Observo.
Lembro que este planeta é pequeno em relação ao sistema solar. Também penso que o sistema solar, com todos seus planetas, asteróides e estrelas, é imenso em relação ao meu corpomente, e ao mesmo tempo muito pequeno se comparado ao tamanho da Via Láctea.
E que esta galáxia onde está meu planeta, por sua vez, é infinitesimalmente pequena em relação ao conjunto das galáxias vizinhas que, por sua vez, somadas, são insignificantes diante do tamanho do universo inteiro. Então agora olho de volta para o meu corpo na sala, tomando consciência da dimensão da criação total, do universo inteiro. Quiçá com algum direito, possa surgir em mim um sentimento de insignificância.
Porém, ao perceber a dimensão real do universo, vejo quão pequenos são os meus problemas, quão pequenas são as coisas que ocupam meu pensamento no cotidiano. Isso, por sua vez, me ajuda a relativizar esses problemas e enxergá-los apenas como o que são: situações tópicas inerentes aos papéis que represento na vida.
Lembro que vi?var?pa, o nome que se dá a essa prática, significa a forma da própria totalidade, a forma do todo. Todas as formas, portanto, estão incluídas na forma única que é o Todo. Cada forma, existe perfeitamente integrada no ambiente com as formas contíguas: o átomo integrado na molécula a molécula na célula, a célula no tecido, o tecido no órgão, o órgão no organismo, o organismo no ambiente, o ambiente no Todo.
E esta consciência que sou, observa, apreciando esse Todo e cada componente dele. Recordo que essa inteligência ativa, chamada ??vara, está presente em tudo e todos. Observo desde a perspectiva da individualidade que sou, na forma dessa consciência que observa, que não está separada e que não é diferente desse Todo.
Assim, olho para as coisas do meu cotidiano agora, aquelas pequenas coisas que preenchem o meu dia a dia, minhas preocupações, minhas obrigações, e penso: qual é o tamanho dessas situações que vivo, comparadas com o tamanho do universo?
Quando compreendo que sou a consciência que já estava desde antes da mente e do desejo, que permanece durante e que fica depois, que estava desde antes do corpo, que está no corpo agora, e que permanece depois, que estava antes do pr??a, que está na vitalidade agora, e que fica depois, aquilo que chamo de minhas preocupações se reduz até a insignificância.
Assim, relativizo as coisas do ego, permaneço em paz, e posso estender essa atitude relaxada e focada para todas as experiências para todos os momentos dentro dessa vida que eu tenho agora.
O? ??nti? ??nti? ??nti?. Que haja paz em cada um, que haja paz no ambiente, que haja paz entre nós.
Transcrito por Patricia Abreu para Yoga.pro
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