Por Titi Vidal
Saturno ingressou em Escorpião dia 05 de outubro, onde ficará até setembro de 2015. Saturno é o grande fiscal, o grande auditor que por onde passa vai verificando como andam aqueles assuntos e tomando providências a respeito. Agora em Escorpião vai lidar com todos os tabus. Escorpião rege assuntos como morte, espiritualidade, mediunidade, medos, dinheiro, valores e sexualidade. Esses assuntos estarão em foco nos próximos anos e merecem atenção e respeito. Até porque com Saturno é sempre assim: não adianta não falar sobre o que ele quer, não adianta tapar o sol com a peneira nem fingir que está tudo bem quando não está. Por onde passa, Saturno mostra o que está bem, o que está ruim, onde há ou não estrutura, o que precisa ser destruído e o que precisa ser (re) construído. Não à toa antes do descobrimento de Plutão era ele o senhor da morte, o grande planeta das mudanças e transformações e justamente por isso também o planeta que rege o tempo e a tradição, por ser testemunha ocular dos ciclos mais importantes da vida.
Como Saturno também rege a experiência de vida, a experiência acumulada no tempo, ele sabe das coisas. Como um velho sábio, vai aconselhando e pedindo providências. Na verdade, ele primeiro aponta onde está o problema e nisso ele é sempre implacável. Mostra se algo tem ou não estrutura, mesmo que para isso ele precise sacudir, abalar a situação.
Nos últimos anos, fez isso em Libra e de forma (librianamente) diplomática pediu providências e soluções em termos de relacionamentos, de amor e parcerias. Agora em Escorpião vai mexer com os assuntos escorpianos e de forma intensa, extrema e profunda, pois de certa forma assume as características do signo onde está. Ainda mais com o fato de Plutão, regente de Escorpião, estar em Capricórnio, regido por Saturno. Esse “acordo de cavalheiros” entre eles dá a Saturno toda autoridade para chegar impondo, de cara, seus limites, apontando sem dó nem piedade (à moda escorpiana) o problema, a falta de estrutura e estabilidade. Já pode chegar dando um tranco e de certa forma já podemos sentir de leve o que está para acontecer.
Em primeiro lugar, ao entrar em Escorpião Saturno vai aprofundar e intensificar os resultados de sua passagem por libra e, nesse sentido, o que está bom melhora, o que está ruim piora. Simples assim e sem meio termo, porque meio termo não existe nem no mundo de Saturno e muito menos no mundo de Escorpião.
Se pensamos nas relações, aquelas que aproveitaram esse período para se estruturar ganham agora profundidade, intimidade, compromisso, vínculo e respeito. As que estão por um fio podem se soltar, mas sem os acordos propostos por libra, porque agora, sem ter feito o que Saturno pediu no tempo certo, dando a cada um o “direito” de agir por si mesmo, ele pode cobrar um preço alto por isso.
Saturno em Escorpião vai apontar o dedo para todos os tabus. Teremos que falar sobre eles. Valores (materiais e imateriais), dinheiro (especialmente conjunto ou “dos outros”), intimidade, medos, inconsciente, sexo e morte, entre outros assuntos. Esses assuntos estão em pauta pelos próximos anos e com certeza vamos ouvir muita coisa sobre eles.
Vamos ver muitas situações extremas, situações-limite que podem nos colocar em contato direto com esses assuntos. E isso vai acontecer porque Saturno quer colocar ordem na casa.
Um desses assuntos trazidos por Saturno certamente será o sexo. Tema, aliás, que já anda em pauta, mas isso com certeza vai se intensificar. Virão à tona os tabus, os preconceitos, os medos, os desejos, as necessidades e tudo mais que tem a ver com o sexo.
Mesmo vivendo em tempos modernos, ainda há muito tabu e muito preconceito quando o assunto é sexo. Nem sempre se fala abertamente, especialmente sobre os problemas, que são muitos.
Psicólogos e terapeutas em geral podem atestar o quanto as questões sexuais surgem em seus consultórios e o quanto isso é, desde sempre, uma questão importante na vida de todos nós.
Se relacionamento é o grande tema da vida de boa parte das pessoas, sexo faz parte desse tema, porque sexo faz parte de qualquer relacionamento afetivo. Aliás, é justamente o sexo que diferencia o relacionamento afetivo, amoroso de qualquer outra relação,como a amizade, por exemplo.
Mais do que isso, sexo é justamente a consumação do amor de um casal, é justamente o que cria o vínculo amoroso e permite que o casal esteja junto como casal. Por isso, quando o sexo não acontece, aquele casal não é mais verdadeiramente um casal. Podem ser amigos, parceiros, companheiros, mas não são mais um casal, porque é justamente o vínculo sexual é o que mantém o vínculo do amor conjugal.
Bert Hellinger, o pai das constelações familiares/sistêmicas, diz que em uma relação amorosa existem três formas de amor que precisam estar presentes para o equilíbrio da relação: o amor do coração (o que sentimos um pelo outro), o amor sexual e o amor de convivência. Sem os três juntos, ao mesmo tempo, não temos um amor de casal. Podemos ter uma relação, mas não um amor de casal.
No fundo, é o que vemos em muitas das crises conjugais: há sentimento, há sexo, mas não há boa convivência; há boa convivência e sexo, mas não há sentimento; há boa convivência e sentimento, mas não há sexo; enfim, nem sempre estão presentes as três formas de amor.
Pensando especificamente no sexo, tema que Saturno em Escorpião nos fará pensar a respeito, temos que é a grande e verdadeira consumação de qualquer amor, pois, como já foi dito, é o que diferencia o amor de um casal das outras formas de amor e dos outros tipos de relacionamento. Por isso é tão importante e deve ser abordado e respeitado como tal.
Mas por muitos motivos não se fala tanto a respeito, pelo menos não com a profundidade que merece. Sexo, aliás, é o que existe de mais profundo e é algo muito mais importante do que se pode imaginar. Não está na casa 8 (astrologicamente falando) à toa. E quando pensamos em todos os assuntos que a casa 8 (e escorpião) representa, podemos ter uma verdadeira dimensão do que é o sexo afinal.
A casa 8 é a intimidade do casal, tudo que compartilhamos com o outro na intimidade: amor, carinho, dinheiro, coisas, valores, medos, etc e o sexo também está na casa 8, lembrando que é, na verdade, a grande intimidade de um casal, algo que um casal compartilha em sua intimidade e que apenas eles sabem exatamente o que acontece ali.
Mas a casa 8 também é a casa dos medos e das transformações, da capacidade de entrega, da necessidade de controle, indicando que tudo isso também interfere diretamente na qualidade da vida sexual de qualquer pessoa.
Em outras palavras, alguém que não lida bem com mudanças também pode ter “travas” sexuais. Alguém que não abre mão do controle e do poder, também pode ter medo de se entregar profundamente a alguém e isso também pode limitar sua vida sexual. E quando pensamos na capacidade de se entregar, emocional e sexual se misturam, porque estão ambos ligados nessa mesma casa 8. Ou seja, quem não se entrega emocionalmente dificilmente se entrega – de verdade – sexualmente.
E isso tem a ver com qualidade sexual, não em quantidade, porque um dos indicativos de alguém que não quer/não pode/não consegue se comprometer e estar verdadeiramente disponível para uma relação pode ser justamente a busca por maior quantidade (em termos de parceiros) afetiva e sexual. É uma hipótese, que muitas vezes se confirma como algo verdadeiro.
A casa 8 também é a casa da espiritualidade e da transcendência, o que também pode ligar o sexo a algo tão profundo como algumas experiências espirituais e algo que também pode levar à transcendência.
Mais do que isso, a casa 8 é a casa das perdas, dos ganhos, das transformações e da morte. Não é à toa que em francês o orgasmo é chamado La petite mort, ou a pequena morte. Até porque a verdadeira entrega afetiva e sexual pode mesmo ser comparada a uma pequena morte, pois é um momento em que se sai do físico (casa 2, touro) e entrega-se ao imaterial, ao espiritual, ao que transcende (casa 8, escorpião). É um momento em que se sai do eu e entrega-se ao outro. E como o outro sai do eu e também se entrega, é um momento em que ambos saem de si mesmo e se vinculam, formando um novo campo, o campo do “nós”.
Em um sentido mais profundo, alguém que não queira de jeito nenhum perder o controle, sair do eu e colocar-se disponível ao outro e ao nós, provavelmente terá dificuldade de se entregar. Mais do que em relação ao ato sexual, isso também tem a ver com a entrega emocional durante o ato sexual e a capacidade de ter um orgasmo.
De acordo com as pesquisas, acredita-se que apenas algo em torno de 30% das mulheres têm orgasmos durante uma relação sexual. Apenas 30%! E quando pensamos no quanto ao longo da história as mulheres foram reprimidas e submissas, entendemos também porque tantas crenças tão comuns entre as mulheres sobre o quanto os homens não são confiáveis e outras parecidas. Talvez isso tudo esteja ligado e talvez por esse medo de se entregar (de corpo, alma, coração e espírito) a um homem que no fundo atinge uma grande maioria das mulheres, consciente ou inconscientemente, venha daí a dificuldade de se ter um orgasmo. Tanto é que isso é menos frequente (o baixo índice de orgasmo) nas relações homossexuais, onde a entrega acontece para alguém do mesmo sexo (mas isso é um tema para um outro artigo). E, de qualquer forma, isso é apenas uma hipótese, que talvez seja derrubada ou confirmada por Saturno em Escorpião.
De qualquer forma, são coisas para se pensar, temas para reflexão durante a temporada de Saturno em Escorpião, que vai levantar o tema sexual e trazer velhos medos, preconceitos e tabus à tona, porque talvez algo precise mudar.
Talvez depois de tanta liberação, as pessoas agora queiram mais qualidade, queiram resolver seus problemas – sempre tão frequentes nas consultas terapêuticas e tão pouco falados abertamente entre amigos (as), até porque é algo que está diretamente ligado à intimidade de uma pessoa e de um casal e nem sempre tratado com o respeito e a profundidade que merecem.
E é impressionante a quantidade de casos nos atendimentos em que não há sexo ou pelo menos não há sexo de qualidade nas relações e o quanto em algum nível isso afeta não apenas o relacionamento de um casal (que inclusive no caso da ausência do sexo deixa de ser um casal em seu sentido mais profundo) e toda a vida da pessoa. Pessoas que não sentem desejo por seus parceiros (as), pessoas que não se sentem à vontade para falar do que gostam, do que esperam e do que precisam, pessoas que têm medos e limitações nessa área e não revelam isso tudo a seus parceiros. Mas isso tudo precisa ser tratado com mais respeito e atenção e as pessoas precisam falar sobre sexo. Em primeiro lugar consigo mesmas. Depois com seus parceiros, porque sexo faz parte da relação de um casal e se não há liberdade para falar e viver abertamente a sexualidade com um parceiro, então também não há profundidade e base o suficiente para estar com este parceiro e isso também precisa ser levado a sério.
Mas Saturno em Escorpião vai apontar tudo isso, vai trazer esse tema com muita força e sem dúvida o mundo vai falar mais sobre sexo, com toda profundidade e respeito que o tema merece ser tratado.
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