Boa parte das trilhas hoje utilizadas em ecoturismo são caminhos tradicionalmente utilizados por determinadas comunidades para se locomoverem. Desde a época do Brasil colônia os portugueses utilizavam os caminhos abertos pelos indígenas para alcançarem o interior do país.
Hoje em dia, especialistas (ecólogos, biólogos e ambientalistas) detém conhecimentos que transformam a abertura de trilhas em um trabalho científico, pedagógico e paisagístico. Desta forma, trilhas são caminhos existentes ou estabelecidos, com diferentes formas, comprimentos e larguras, que possuem o objetivo de aproximar o visitante ao ambiente natural ou conduzí-lo a um atrativo específico, possibilitando seu entretenimento ou educação por meio de sinalizações ou de recursos interpretativos.
Podem ser estabelecidos diversos tipos de trilhas, classificadas quanto a função (vigilância, recreativa, educativa, interpretativa e de travessia), quanto à forma (circular, oito, linear e atalho), quanto ao grau de dificuldade (caminhada leve, moderada e pesada) e quanto à declividade do relevo (ascendentes, descendentes ou irregulares).
Quanto aos recursos utilizados para a interpretação ambiental da trilha, elas podem ser classificadas de duas maneiras: guiadas (monitoradas) ou autoguiadas.
Trilhas Guiadas
Nas trilhas guiadas a interpretação do guia/condutor de ecoturismo é a alma de uma boa trilha. Sua principal característica é o estabelecimento de um canal de comunicação e uma relação afetiva entre o intérprete e os visitantes.
A preparação física e técnica e os conhecimentos ecológicos do guia/condutor de ecoturismo são os principais instrumentos de investigação e interpretação da região a ser conhecida. Além disso, a vocação natural e a experiência do guia/condutor de ecoturismo também são fundamentais para o sucesso da trilha.
A preparação, o conhecimento e a experiência para a interpretação de trilhas são adquiridos em cursos especializados, em livros, praticando caminhadas e acompanhando o trabalho de guias/condutores de ecoturismo mais experientes.
Vários tipos de passeios guiados podem ser desenvolvidos. O intérprete pode fixar previamente os locais de parada e os temas trabalhados, sem que o público possa designar novas investigações, ou naquelas em que as observações vão acontecendo conforme os eventos aparecem (animais, floração etc.) ou de acordo com as motivações dos usuários.
Trilhas Autoguiadas
As trilhas interpretativas autoguiadas têm como principal função facilitar a caminhada e permitir o contato dos visitantes com o meio ambiente sem a presença do guia. Assim, recursos visuais e gráficos indicam a direção a seguir, os elementos a serem destacados (árvores nativas, plantas medicinais, ninhos de pássaros etc.) e os temas desenvolvidos (mata ciliar, recursos hídricos, etc.).
Podem ser autoguiadas por placas numeradas ou por meios escritos ou visuais dispostos na trilha
Capacidade de Suporte
São classificados em capacidade de suporte física, biológica e psicológica ou perceptiva. A metodologia desenvolvida por Cifuentes, para a Costa Rica, é que melhor permite a implantação de trilhas de maneira relativamente equilibrada. Ela determina três grandes parâmetros para se chegar ao número de usuários em determinado tempo.
A Capacidade de Suporte Física (CSF) é o limite máximo de visitantes em uma área definida em um determinado tempo. A Capacidade de Suporte Real (CSR) é o limite máximo de visitantes, porém aplicando-se os Fatores de Correção que limitam a atividade, composto por diversas variáveis de ordem física, ecológica, social entre outras. Finalmente, chega-se à Capacidade de Suporte Efetiva (CSE), partindo-se da CSR, porém considerando-se a Capacidade de Manejo e Gestão. Assim, a intensidade e o período de uso, o tamanho do grupo, as atividades realizadas, o número de monitores será aquela apontada pela Capacidade de Suporte Efetiva.
Planejamento
O planejamento da implantação de trilhas visa assegurar que os impactos negativos estarão dentro dos limites aceitáveis de mudança. Pode ser entendida como os limites aceitáveis de mudança que um determinado nível de uso de um sítio ou área pode suportar sem causar danos significativos aos recursos e sistemas ecológicos necessários para o seu equilíbrio, garantindo a qualidade da experiência do visitante.
A Forma
- Os meios e materiais devem ser simples, sem agredir ou poluir visualmente o ambiente.
- Em círculos ou ovais, ou seja, não retornarem pelo mesmo local.
- Não serem longas, porém objetivas.
- Viabilizem uma interpretação com informações necessárias concisas, transmitidas de forma mais completa.
Impactos Ambientais
Podemos citar alguns impactos negativos que qualquer tipo de trilha pode gerar no solo (erosão e compactação), na fauna (alterações nas populações) e na flora (desmatamento), tanto nas fases de implantação como no uso. Porém, a lista é muito mais ampla e ainda não se conhece todas as consequências de sua implantação. As técnicas para minimizar os impactos basicamente restringem-se aos cuidados com o solo e a vegetação. A fauna precisaria ser estudada durante meses (talvez anos) para que se conheçam todos os hábitos comportamentais de todas as espécies presentes em determinada área, podendo-se, assim, estabelecer sua capacidade de suporte.
Medidas de Controle de Impactos
Salvo as intervenções de ordem estrutural e de segurança, os sítios de visitação não devem ser adaptados aos visitantes, estes é que deverão ser preparados para a visitação. Para elaborar medidas preventivas de impactos negativos em trilhas, minimizando os custos de implantação e manutenção, deve-se estabelecer primeiramente um zoneamento das áreas de uso e não- uso e o manejo das áreas de uso, seguido do estabelecimento de técnicas que identifique o impacto potencial e os parâmetros para monitoramento da vida silvestre.
Por fim, a educação ambiental é o instrumento de fundamental importância para minimizar os impactos da visitação.
São caminhos traçados em um sítio natural, degradado ou não, como explicação sobre o meio ambiente. Estas trilhas localizam-se dentro da floresta ou do ecossistema, aproveitando- se quando possível, traçados já existentes. Quando bem elaboradas, conseguem promover o contato mais estreito entre o homem e a natureza, possibilitando conhecimento das espécies, animais e vegetais, da história local, da geologia, da pedologia, dos processos biológicos, das relações ecológicas, ao meio ambiente e sua proteção, constituindo instrumento pedagógico muito importante.
Fonte: Marco Aurélio Leite Fontes, Maria Rachel Vitorino (Ecoturismo - UFLA) e Sérgio Salazar Salvati (ambientebrasil).
Necessito saber informacoes sobre cursos de guia de ecoturismo.Aguardo Resposta. Obrigada
Obrigado! Seu comentário foi enviado
Oops! Algo de errado aconteceu ao enviar seu comentário :(