Vou contar uma experiência que tive. Eu estava com um grupo no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, fazendo exercícios de Chi Kung. Minha mestre, ao finalizarmos os exercícios, pediu que cada um procurasse uma árvore para ter uma troca de energia. Devíamos meditar e observar uma árvore que nos fosse simpática para nos aproximarmos. Meu grupo se espalhou e, como sou fumante, pensei: -"primeiro vou fumar e depois procuro a árvore". Acendi um cigarro e sentei num pedaço de tronco que estava jogado no chão. Sinceramente, naquele momento, não estava pensando em nada muito especial. Apenas olhando a natureza e curtindo meu cigarro. De repente, me senti observada. Olhei em volta mas não vi ninguém. As pessoas do meu grupo estavam bem espalhadas. Continuei com a sensação de que tinha alguém me observando e procurei me centrar energeticamente para sentir de onde vinha a sensação.
Quando estava totalmente atenta ao meu campo áurico, consegui captar de onde vinha "o olhar". Virei-me e não vi ninguém, apenas uma árvore. Fiquei intrigada. Será? Olhei fixamente para a árvore e, novamente senti que estava me observando. Era como se me chamasse. Bom, pensei, o exercício é esse, apesar de isso estar estranho. Não era eu que tinha que escolher a árvore? Mas foi ela que me escolheu... Tudo bem, vou tentar. Joguei o cigarro fora e me aproximei dela, vagarosamente.
Quando cheguei numa distância de mais ou menos 10 a 15 passos, senti que entrei no campo áurico dela e uma energia muito forte me envolveu. Mentalmente, cumprimentei a árvore e uma energia mais forte veio ao meu encontro. Aproximei-me dela totalmente. Pensei, como se estivesse conversando com ela, que gostaria de trocar energia, se ela permitia. Imediatamente, como se alguém respondesse, veio a resposta: - "sim". Coloquei as palmas das minhas mãos no tronco e fiquei espantada. Não sei porque, sempre achei que as árvores tinham o tronco frio. Mas, debaixo da minha mão, o tronco estava quente! Enquanto eu pensava isso, senti como se meus pés estivessem se afundando na terra. Mais um espanto. Eu tinha a impressão de que estava criando raízes! Quando minhas "raízes" pararam de crescer, tive a experiência mais linda da minha vida! Eu sentia todo o circuito energético girando entre a árvore e eu. Havia uma energia entrando pelas minhas "raízes", passava por todo o meu corpo e saia pelas minhas mãos. Eu tinha certeza que acontecia o mesmo com a árvore. Eu sentia isso! De repente, foi como se eu ouvisse uma pergunta. - "Você tem filhos?" Meu espanto já nem valia mais... Tudo aquilo era por demais bizarro para eu pensar em qualquer coisa. Respondi que sim. E ouvi: - "Eu também tenho. Aqui do meu lado, você vê minha filha. Tenho muito orgulho dela. Vai ficar linda e muito sábia quando for mais velha." Olhei pro lado, intuitivamente sabia para onde olhar e vi uma outra árvore, menorzinha, igual àquela com a qual eu estava trocando energia. A árvore voltou a falar: "Não é linda minha filha?". Respondi que sim e que iria ficar tão linda quanto a mãe quando fosse mais velha. E eu gostaria que ela também fosse simpática e gentil. A mãe árvore continuou: -"Tenha muito orgulho dos seus filhos! Eles são sua imortalidade, é através deles que você continua viva. Os filhos sempre dão alegrias quando conseguem perceber o propósito da vida. Não esqueça que eles são um pedaço seu. No dia que você voltar para a terra, eles continuarão." Ainda conseguia sentir a energia circulando entre nós, com uma força fenomenal, mas eu estava plantada na terra, nem conseguia mexer minhas pernas. Aí eu pensei, sou reikiana, podia passar um pouco de Reiki para ela, será que permitiria? Acabei de pensar e ouvi a resposta. Conectei-me no Reiki e passei a emanar a energia. A árvore então disse: "Os humanos são muito maus, nos machucam por maldade, é muito triste. Todas nós ficamos magoadas pela forma como os homens nos tratam. Às vezes, eu fico com raiva. Olhe em volta, ouça o barulho que eles fazem, a sujeira. Muitos nos matam e nem pensam que somos vivas". Senti em mim toda a tristeza dela. Continuamos assim por mais alguns minutos. Eu nem sei dizer quanto tempo tudo isso durou.
Impossível de imaginar. O tempo parecia que tinha parado. Quando senti que a energia do Reiki parou e o circuito energético começou a diminuir, pensei que estava na hora de ir, de parar. Aos pouquinhos a energia foi diminuindo e as minhas raízes começaram a se recolher. Despedi-me da árvore, agradeci a troca de energia e a experiência. E novamente ouvi-a: -"Eu também gostei. Gostei muito de você e vou te dar um presente. Todas as vezes que você se perceber viva com uma árvore, ela vai te dar um presente". Agradeci, pensando que tipo de presente ela ia me dar. Tirei minhas mãos do seu tronco e fui me afastando bem devagar, de frente para ela. Foi aí que ví e ouvi. As folhas se mexeram, farfalhando e faíscas luminosas começaram a cair em cima de mim. Eram pequeninas fagulhas de luz, uma chuva delas, caindo das folhas, em minha direção. Nem preciso dizer que estava muito emocionada. Era lindo! Não, era maravilhoso! Agradeci novamente, pois percebi que era esse o presente. Aos pouquinhos, as faíscas foram diminuindo e eu me afastei completamente. Quando saí do campo áurico da árvore, tudo parecia parado. Aguardei alguns momentos, até começar a perceber o mundo real à minha volta. Pensei, meu Deus, isso parece loucura, se eu contar, vão pensar que enlouqueci, que pirei... Não tive vontade de conversar com ninguém naquele dia. Fiquei muito calada e quieta, pensando na experiência. Sempre ouvia as pessoas falando em abraçar uma árvore e meu professor de radiestesia, quando perguntei, disse que isso era muito complicado, porque há árvores doentes, há árvores tristes e dependendo do ângulo que se fosse abraçar, ao invés de uma troca positiva, a energia poderia não ser boa. Ele explicou inclusive que, no lado sul da árvore, podemos observar que ela é mais úmida, algumas apresentam fungos e outras tem crostas enormes de parasitas. Nesse caso, abraçar uma árvore, poderia não ser uma boa experiência. Exatamente por isso, sempre fui meio resistente a esse tipo de prática. Não fiz mais esse tipo de conexão. Há pouco tempo, ganhei um "presente" de novo. Explico: sempre deixo meu carro estacionado na sombrinha de uma árvore quando chego no trabalho.
E todos os dias, na hora que tranco o carro, digo bom dia para a árvore e agradeço a sombrinha que ela vai dar, mantendo-o fresquinho. Quando volto, agradeço novamente e digo "tchau" para ela. Sempre faço isso, passando a mão no tronco. Um dia, ouvi: -"Tenho um presente!". Estava já para colocar a chave na fechadura e parei. Para falar a verdade, paralisei. Pensei, então, - "será que ouvi direito?". Virei e olhei para a árvore. Acho que esqueci de dizer que é uma amoreira. E aquele lugar sempre é vago, porque ninguém gosta de parar o carro embaixo de amoreiras. As frutinhas quando caem, mancham a pintura. Entretanto, já faz três anos que paro meu carro ali e ele não tem nenhuma mancha. Nesse tempo todo, não vi nenhuma frutinha caída nele. Bom, voltando, olhei para a árvore e vi quando caíram em cima do vidro, três amoras. Ploft, ploft, ploft. Foram aparadas pela palheta do limpador de parabrisa. Olhei de novo para a amoreira e fiquei mais pasma. Não conseguia ver nenhuma amorazinha. Nem verde nem madura. Era outono e a paulistana aqui, não sabe quando é época de amoras, mas aparentemente não era, porque não conseguia enxergar umazinha sequer. A própria amoreira parecia estar perdendo folhas, típico do outono. Voltei a olhar para as amoras e peguei-as. Madurinhas. Ouvi novamente: -"Gostou do presente?". Aí lembrei da outra árvore, da mãe, quando me disse que eu ganharia um presente de árvores quando estivesse em conexão com elas. Segurando meu presente com muito carinho, agradeci e respondi que sim. Fiz um carinho no tronco da amoreira, abri meu carro e fui para casa. Lógico que comi meu presente e passei o dia inteiro com uma sensação de paz profunda. Sentia que se o Universo, se a humanidade explodisse naquele minuto, minha alma era una com toda a natureza.
Eu era a natureza! O mundo humano com seus problemas nada tinha a ver comigo, pois eu estava numa unidade muito maior, muito mais abrangente que o mundinho que criamos. E posso dizer para vocês com toda a certeza, que as árvores não têm apenas vida, têm alma, têm inteligência!
E termino, deixando um soneto lindo de Olavo Bilac:
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas.
O homem, a fera e o inseto, à sombra delas
Vivem livres de fome e fadiga;
E em seus galhos alteiam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! Envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade,
agasalhando os pássaros nos ramos,
dando sombra e consolo aos que padecem!
Helena Lambrou
Terapeuta Holística
[email protected]
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