Elena Petrovna Blavatskaya (em russo: ????? ???????? ??????????, Ekaterinoslav, Império Russo, atualmente na Ucrânia, 30 de julho - 31 de julho de 1831 (c. juliano) (12 de agosto de 1831 (c. gregoriano)) — Londres, 8 de maio de 1891), mais conhecida como Helena Blavatsky ou Madame Blavatsky, foi uma prolífica escritora, filósofa e teóloga da Rússia, responsável pela sistematização da moderna Teosofia e co-fundadora da Sociedade Teosófica.
Introdução
Personalidade complexa, dinâmica e independente, desde pequena Elena Blavatskaya mostrou possuir um caráter forte e dons psíquicos incomuns, e logo em torno dela se formou um folclore doméstico. Imediatamente após um casamento frustrado, deixou o esposo e partiu em um longo período de viagens por todo o mundo em busca de conhecimento filosófico, espiritual e esotérico, e nesse intervalo alegou ter passado por inúmeras experiências fantásticas, entrado em contato com vários mestres de sabedoria ou mahatmas e deles recebido na condição de discípula um treinamento especial para desenvolver seus poderes paranormais de forma controlada, a fim de que pudesse servir-lhes de instrumento para a instrução do mundo ocidental. A partir de 1873 iniciou sua carreira pública nos Estados Unidos, e em pouco tempo se tornou uma figura tão celebrada quanto polêmica. Exibiu seus poderes psíquicos para grande número de pessoas, deslumbrando a muitos e despertando o ceticismo em outros, que não raro a acusaram de embuste, muitas vezes com boas evidências para tal. Entretanto, em muitos outros casos seus poderes pareceram autênticos. A controvérsia a acompanhou por todo o resto de sua vida e ainda hoje está acesa. Nos Estados Unidos estabeleceu uma duradoura aliança de trabalho e companheirismo com Henry Olcott, com quem fundou a Sociedade Teosófica, e em 1877 Blavatsky publicou sua primeira obra importante, Ísis sem Véu, já tendo escrito antes inúmeros artigos. Pouco depois ela e Olcott transferiram a sede da Sociedade para a Índia, e passaram a viver lá, até que um incidente, o Caso Coulomb, abalou gravemente sua reputação internacional, quando foi declarada culpada de fraude num relatório publicado pela Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres. Voltou então para a Europa, onde continuou escrevendo e divulgando a Teosofia. Seus anos finais foram difíceis, estava frequentemente adoentada e envolvida em discussões públicas, tinha de administrar a Sociedade que fundara e que crescia rapidamente, e a quantidade de trabalho que se impunha era enorme. Mesmo assim pôde concluir seu livro mais importante, A Doutrina Secreta, uma síntese de História, Ciência, Religião e Filosofia, e deixar outras obras de relevo, além de profusa correspondência e grande coleção de artigos e ensaios.[1]
Blavatsky surgiu em um momento histórico em que a religião estava sendo rapidamente desacreditada pelo avanço da Ciência e da Tecnologia, e que testemunhou o nascimento de uma série de escolas de ocultismo ou de pensamento alternativo, muitas delas com base conceitual pouco firme ou desenvolvendo práticas apenas intuitivas, que ganhavam grande número de adeptos em virtude do fracasso do Cristianismo em fornecer explicações satisfatórias para várias questões fundamentais da vida e sobre os processos do mundo natural. A importância da contribuição de Blavatsky foi então reafirmar o divino, mas oferecendo caminhos de diálogo com a Ciência e tentando purgar a Religião institucionalizada de seus erros seculares, combatendo o dogmatismo e a superstição de todos os credos e incentivando a pesquisa científica, o pensamento independente e a crítica da fé cega através da razão. Lutou contra todas as formas de intolerância e preconceito, atacou o materialismo e o ceticismo arrogante da ciência, e pregou a fraternidade universal. Sem pretender fundar uma nova religião, sem reivindicar infalibilidade nem se intitulando proprietária ou autora das idéias que trouxe à luz, apresentou ao mundo ocidental uma síntese de conceitos, técnicas e interpretações de uma grande variedade de fontes filosóficas, científicas e religiosas do mundo, antigas e modernas, organizando-as em um corpo de conhecimento estruturado, lógico e coerente que compunha uma visão grandiosa e positiva do universo e do homem. Com isso a Teosofia se tornou, ainda que contestada por vários críticos, um dos mais bem sucedidos sistemas de pensamento eclético da história recente do mundo, unindo formas antigas e novas e provendo pontes entre vários mundos diferentes - sabedoria antiga e pragmatismo moderno, oriente e ocidente, sociedade tradicional e reformas sociais. Influenciou milhares de pessoas em todo o mundo desde que apareceu, desde a população comum a estadistas, líderes religiosos, literatos e artistas, e deu origem a um sem-número de seitas e escolas de pensamento derivativas.
Vida
Primeiros anos
Helena Blavatsky era filha do Coronel Pyotr Alekseyevich Gan (???? ?????????? ???) e Elena Andreyevna Fadeyeva (????? ????????? ???????), uma conhecida escritora de romances, que escrevia sob o pseudônimo de Zeneida R-va. Seu pai era de uma família de antiga nobreza de Mecklenburg, na Alemanha, os condes Hahn von Rottenstern-Hahn, que havia emigrado para Rússia um século antes e adaptado seu sobrenome para Gan, e que então prestava serviços para o governo russo. Sua mãe era da família principesca dos Dolgorukov, uma das mais antigas e distinguidas do Império Russo, que havia produzido uma dinastia de príncipes e grãos-duques poderosos e dois czares, além de uma de suas princesas ter casado com Miguel I, o fundador da dinastia então reinante, os Romanov. A família ainda deu figuras importantes para o Iluminismo local. Desta forma Helena nasceu em um ambiente da alta aristocracia russa, rico, educado e culto, mas a união dos seus pais não era feliz. Teve três irmãos, Alexander, que morreu na infância, Vera, escritora de novelas fantásticas, e Leonid.[3][4]
Yekaterinoslav no início do século XIX.
Helena nasceu prematuramente perto da meia noite entre os dias 30 e 31 de julho de 1831, segundo o calendário juliano, ainda em vigor no Império (11-12 de agosto segundo o calendário gregoriano). A criança nasceu tão pequena e fraca que se pensou que não sobreviveria, e assim foi providenciado seu batismo já no dia seguinte, onde recebeu o nome de Elena Petrovna Gan. Durante a cerimônia o celebrante teve sua roupa incendiada por uma vela e feriu-se gravemente, o que foi visto pelos supersticiosos servos da família como o prognóstico para a criança de uma vida tumultuada e difícil, e a data de seu nascimento era considerada por eles como propícia para que o nativo desenvolvesse poderes psíquicos, e no seu caso, como sua história mostrou, a superstição estava inteiramente correta. Segundo relatos de seus familiares, foi uma criança obstinada, rebelde e imaginativa, gostava mais de estar entre os soldados de seu pai e entre os servos do que entre os filhos da nobreza, que sonhava em voz alta e vivia reunindo amigos para contar-lhes as visões que tinha e as histórias em que ela se apresentava como uma heroína e autora de estranhas façanhas, e que dizia poder falar com os animais e seres inanimados e possuir um grupo de amigos invisíveis. A vida militar de seu pai exigia constantes deslocamentos e a família estava frequentemente mudando de casa. Seu pai estava sempre ocupado com suas tropas, e sua mãe se tornara em grande parte ausente, dedicada à sua carreira literária, morando entre São Petersburgo, Astrakhan, Odessa e a casa de seus pais, e a educação de Helena foi entregue a governantas, que lhe ensinaram piano, dança e línguas, para as quais ela mostrava ter grande facilidade.[3] Ela mesma descreveu seus primeiros anos nos seguintes termos:
"Minha infância? De um lado, mimada e acariciada; de outro castigada e tratada com rigor. Doente e sempre às portas da morte até os sete ou oito anos, sonâmbula; possuída pelo demônio. Governantas, duas… Enfermeiras - não sei quantas… Uma meio tártara. Soldados do meu pai tomando conta de mim…".[5]
Depois do precoce falecimento de sua mãe em 6 de julho de 1842, Helena cresceu sob cuidados de seus avós maternos em Saratov, onde seu avô era governador. Segundo várias testemunhas, logo se mostrou dotada de poderes psíquicos ou sobrenaturais, e a tradição existente sobre ela diz que era capaz de materializar flores, levitar pequenos objetos e de produzir outros prodígios. Ainda jovem interessou-se pelo esoterismo, lendo avidamente sobre magia e alquimia em trabalhos de Paracelso, Cornelius Agrippa e Heinrich Khunrath na biblioteca do seu bisavô, o príncipe Pavel Dolgorukov, que tinha sido iniciado na Maçonaria no final do século XVIII. Em 1847 mudou-se com seus avós para Tiflis, onde seu avô assumiu o cargo de governador da Transcaucásia, e ali conheceu seu futuro marido, Nikifor Blavatsky, e o príncipe Galitzin, ambos com interesses na área do ocultismo. Existe uma versão de sua história nesse período dizendo que ela teria se apaixonado pelo príncipe Galitzin e fugido com ele, e que o escândalo que se formou teria sido a causa de seus avós arranjarem seu casamento o quanto antes. Outra versão diz que o casamento aconteceu em virtude de uma aposta que Helena teria feito com uma de suas servas, que não acreditava que alguém jamais se interessaria por uma pessoa tão intratável como ela.[6]
De qualquer forma, com dezessete anos, em 7 de julho de 1848, casou-se de fato com Nikifor Blavatsky. Vice-governador da província de Erevan, na Arménia, ele era muito mais velho do que ela, e o casamento nunca se consumou. Helena aceitou casar-se com a esperança de adquirir independência, mas fugiu do marido quando ainda estava a decorrer a lua-de-mel e foi para a casa dos avós em Tiflis. Diante do problema, seu pai foi consultado, e arranjou-se que ele encontrasse Helena em Odessa para resolver a situação. Mas prevendo que ele ordenaria que ela voltasse para o marido, conseguiu enganar a escolta que fora enviada para acompanhá-la e se dirigiu para Constantinopla, de onde iniciou um longo período de viagens pelo mundo, iniciando pela Turquia, Grécia e Egito. A descrição do seu itinerário exato e dos eventos que nelas aconteceram é difícil. Não foram documentadas e são todas reconstituídas através de seus próprios relatos, muitas vezes imprecisos, sem uma ordem cronológica coerente e aparentemente fantásticos, mas não impossíveis, numa época em que as longas viagens por países exóticos se tornavam uma moda entre a elite européia. Por exemplo, dizia ter atuado num circo montando cavalos em pêlo, viajado em carroça aberta pelo Meio-Oeste norteamericano e ali se encontrado com tribos de peles-vermelhas, trabalhado como importadora de penas de avestruz em Paris e decorado aposentos da Imperatriz Eugênia. Alguns autores sugerem que ela pode ter tido amantes, como o barão de Meyendorff, o príncipe de Wittgenstein e o cantor de ópera Metrovich, mas se às vezes dava a entender que tais ligações eram reais, noutras se esquivava.[5][7] Já foi sugerido que ela teve um filho, a partir de um relato seu sobre uma criança que ela "adotara" e que logo morrera,[8] mas um atestado médico emitido em 1885 pelo doutor Leon Oppenheim afirmou que ela jamais poderia engravidar, pois sofria de prolapso uterino, provavelmente congênito.[9]
Helena Blavatsky em 1850.
Em algumas dessas viagens, ela foi acompanhada por Albert Rawson, um explorador e artista natural dos Estados Unidos, também interessado no esoterismo e que era membro de lojas maçônicas. Em 1850 estavam ambos no Cairo, onde estudaram com Paolos Metamon, um mago copta. Segundo consta, em seu aniversário de vinte anos, em 1851, Helena estava com seu pai em Londres, quando pela primeira vez encontrou-se com seu mestre, que ela conhecia de visões e sonhos desde sua infância. Este mestre seria um iniciado oriental de Rajput, o Mestre Morya, como é conhecido entre os teósofos, que fazia parte de uma missão diplomática de príncipes hindus em Londres e que a informou de que devia preparar-se para um trabalho importante que incluiria um treinamento de três anos no Tibete. No mesmo ano, Blavatsky embarcou para o Canadá, e depois viajou por várias partes dos Estados Unidos, México, América do Sul, e Índia. Sua primeira tentativa em entrar no Tibete aparentemente falhou, retornando então a Inglaterra, passando por Java.[10]
Em 1855 retornou à Índia e disse ter sido bem sucedida em sua tentativa de entrar no Tibete através de Caxemira e Ladakh. No Tibete, teria passado por um período de treinamento sob a orientação de seu mestre. Em 1858, foi para a França e para a Alemanha, e retornou à Rússia no mesmo ano, passando um curto período com sua irmã Vera em Pskov. De 1860 até 1865, viveu e viajou no Cáucaso, passando por experiências e crises de natureza psíquica, o que lhe possibilitou, segundo ela própria, adquirir total controle sobre seus poderes psíquicos. Partiu da Rússia novamente em 1865, e viajou extensivamente pelos Balcãs, Grécia, Egito, Síria, entre outros lugares. Deu recitais de piano na Transilvânia e na Sérvia, entrou em contato com os carbonários da Itália que buscavam a libertação italiana do domínio Habsburgo, e foi ferida no início de 1868 na Batalha de Mentana, enquanto dava apoio às tropas de Giuseppe Garibaldi. No mesmo ano, em Florença, recebeu um aviso de seu mestre Morya para se juntar a ele em Constantinopla, de onde seguiram para o Tibete, permanecendo um período no mosteiro Tashi Lhunpo em Shigatse, a sede do Panchen Lama. Ali encontrou outro mestre, o Mestre Koot Hoomi, que mantinha uma escola de adeptos adjacente ao mosteiro. Foi recebida por ele como discípula e introduzida no Budismo Tibetano, recebendo ademais uma preparação especial para sua futura missão no ocidente. A veracidade desse relato tem sido questionada, mas sua descrição de Shigatse era correta quando a cidade era na época inacessível para os ocidentais, e seu conhecimento avançado do Budismo Tibetano foi mais tarde ratificado por estudiosos do assunto.[10]
No final de 1870 retornou a Chipre e à Grécia. Em 1871 estava na Grécia e embarcou para o Egito; o navio em que viajava explodiu e naufragou em 4 de julho, mas ela foi salva, e então seguiu para o Cairo, estudou novamente com Metamon e possivelmente com o cabalista polonês Max Théon, e segundo afirmou encontrou-se com outros mestres ligados aos mistérios gregos, coptas e drusos. Em 1872 fundou ali a Société Spirite, onde pretendia incentivar os fenômenos espíritas e mediúnicos codificados por Allan Kardec. Mas em cartas para seus familiares, Blavatsky se mostrou desolada com os participantes do grupo. Alguns fingiam ser médiuns, enquanto outros eram alcoólatras contumazes, ladrões e assim por diante. O grupo não durou muito tempo e não alcançou os objetivos iniciais.[10][11] Depois de viagens através do Oriente Médio, retornou em julho de 1872 para Odessa. Segundo Helena, na primavera de 1873 o seu mestre deu-lhe instruções para seguir para Paris e, depois, para Nova Iorque.
Blavatsky em 1875.
Blavatsky embarcou no navio para os Estados Unidos com dinheiro suficiente apenas para comprar uma passagem de terceira classe, e quando lá chegou estava sem um centavo, quase não falava inglês e teve de se hospedar em um estabelecimento de caridade para mulheres operárias. Nesse período se sustentou com dificuldade, fazendo bolsas e limpadores de canetas, até que recebeu uma pequena herança de seu pai, morto em 27 de junho de 1873. Investiu o dinheiro, em parceria com uma certa Clementine Gerebko, em terras e uma granja de criação de galinhas, mas como nada entendia de negócios nem de criações, foi à falência rapidamente. Contudo, alegando ter sido enganada pela sócia, levou o caso a julgamento, previu que seria dado um parecer favorável a ela e inclusive escreveu uma carta antecipada ao seu advogado detalhando as bases legais que seriam usadas no veredicto. Sua previsão se confirmou, ela venceu a causa e recebeu uma compensação de 1.146 dólares.[13] Nessa época sua presença já causava uma impressão indelével mesmo em quem a conhecia apenas de passagem, pelo poder que pareciam dela emanar, e seus enormes olhos azuis eram sempre citados como penetrantes e magnéticos, o que contrastava com a pobreza e desleixo de seu vestuário. Seu comportamento nada convencional e sua completa indiferença para com a opinião alheia eram fonte de perplexidade e desconcerto para as pessoas com quem convivia.
Entre críticas e louvores, desconsiderando as dúvidas ainda existentes sobre a origem de sua inspiração e conhecimento, o que permanece uma questão objetivamente irresolvível, e deixando para os psicólogos e magistrados a explicação e julgamento de sua personalidade extravagante e paradoxal e seus eventuais deslizes éticos, o fato é que Blavatsky e sua Teosofia tiveram um papel central na promoção das tradições esotéricas orientais no ocidente e desencadearam a formação de inúmeras escolas subsidiárias de esoterismo, filosofia e seitas alternativas que até hoje continuam a se multiplicar pelo mundo, como a Nova Era, Wicca, Holismo e Neopaganismo, e até de derivações do Cristianismo, como a Igreja Católica Liberal. O grande número de personalidades brilhantes que se declararam publicamente seus admiradores deve pelo menos dar um sinal de que sua mensagem deve ser lida com uma postura de seriedade. Entre eles, citemos apenas alguns: o estadista Jawaharlal Nehru, pintores como Piet Mondrian, Nikolai Roerich e Wassily Kandinsky, músicos como Alexander Scriabin, atores como Constantin Stanislavski e cientistas como Albert Einstein, Robert Oppenheimer, Wilhelm Reich e Thomas Edison, além dos literatos Fernando Pessoa, Leon Tolstoy, James Joyce, William Butler Yeats, T. S. Eliot, George Bernard Shaw e Aldous Huxley, e líderes espirituais como Mohandas Gandhi, Rudolf Steiner, Alice Bailey, George Gurdjieff e Jiddu Krishnamurti.
Apontando aspectos particulares, são interessantes as opiniões de alguns outros autores: Ellwood & Partin vêem a contribuição de Blavatsky e outros teosofistas como de grande importância na restauração da dignidade da herança espiritual dos povos colonizados da Ásia durante o século XIX;[107] Catherine Albanese disse que o vocabulário técnico e a interpretação peculiar das doutrinas asiáticas que Blavatsky apresentou deram as bases para o desenvolvimento de todo o sistema de pensamento metafísico na América do Norte, um fundamento que continua válido até os dias de hoje e influencia também os pensadores asiáticos e europeus modernos;[108] Ellwood & Wessinger dizem que ela fortaleceu significativamente o movimento feminista, legitimando a atuação pública e a liderança das mulheres na sociedade e não fazendo distinções valorativas de gênero;[109] Olav Hammer acredita que mesmo que as escolas herdeiras da Teosofia de Blavatsky tenham se revelado muitas vezes inconsistentes e sem um sistema realmente integrado ou lógico de pensamento, e que a própria Teosofia original também tenha falhas nesse aspecto, seu legado é importante para a pós-modernidade em vista da apropriação da alteridade exótica para formar um corpo de conceitos identitários coletivos, e se revelou útil para a Psicologia na dissolução das barreiras do ego privado em benefício de uma visão de integração social e respeito à pluralidade, evitando ao mesmo tempo as armadilhas do relativismo niilista ao afirmar a fraternidade da humanidade, a unidade essencial de todo o universo e sua evolução positiva.[110] Luís Pellegrini afirma que ela foi uma pioneira no estudo científico moderno das inter-relações entre matéria e energia, postulando vários conceitos em que apresentava a possibilidade da divisão do átomo, descrevendo o processo de liberação de energia concomitante, e alertando ao mesmo tempo para os perigos que a manipulação da estrutura da matéria acarretava, isso décadas antes das primeiras bombas atômicas explodirem em Hiroshima e Nagasaki. Também antecipou idéias sobre a Física Relativística e a Astrofísica ao tratar da teoria dos campos de força, tanto cósmicos como infra-atômicos, ao sugerir uma hipótese semelhante à do Big-bang para a criação do universo e descrevendo corretamente o processo de formação de estrelas a partir de nebulosas.[103][111] Nandy & Visvanathan lembram que ela anteviu as possibilidades da Psicologia e da Psicossomática dizendo que os médicos de seu tempo perdiam tempo em buscar a origem das doenças exclusivamente no corpo físico, e que o segredo da Medicina estava na compreensão do funcionamento da mente e das suas relações com o corpo.[112] Anna Lemkow a aponta como a primeira ocidental a dizer que a matéria não é coisa morta e inerte, como a pioneira do estudo da Biologia dentro de uma perspectiva cosmológica e a precursora da teoria moderna do Design Inteligente e do Movimento Holístico,[113] e finalmente Carl Jung disse que ela foi o profeta da reorientação espiritual do ocidente.[114]
Em 2006, no 175º aniversário de seu nascimento, o governo da Rússia organizou uma série de eventos comemorativos que incluíram exposições de arte e concertos. Também foram realizadas conferências em Moscou e em São Petersburgo, entre outras cidades, com mais de duzentos representantes da intelectualidade russa, cujas conclusões ressaltaram o valor da sua contribuição para o progresso da cultura, das artes e das ciências mundiais, e tentaram corrigir distorções correntes sobre sua vida e obra.[115] Nas propriedades da família Fadeyev em Dnipropetrovsk (a antiga Yekaterinoslav), foi criada em 2006 a Fundação Helena Petrovna Blavatsky, como um museu e centro internacional de pesquisas em Ciência, Filosofia, Religião e Cultura, com os objetivos de gerar conhecimento para uma melhor compreensão das leis da natureza, do homem e do universo, para uma aproximação entre as culturas mundiais, para aplicar criativamente o legado cultural de Blavatsky no mundo de hoje e para preservar a memória dela e de sua ilustre família.[116]
Fiz apenas um ramalhete de flores do Oriente, e não acrescentei nada meu senão o laço que as amarra.
Algum dos meus amigos poderá dizer que não paguei todo o preço por esse laço?
Helena Blavatsky, Ísis sem Véu, vol. I, p. 42
Fonte: Wiki
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