Constatamos cada vez mais que a busca pela prática do Yoga está associada à necessidade de uma melhoria no campo físico, ou seja, praticar uma atividade que alongue o corpo e ajude a aliviar o estresse do dia a dia. Quase sempre a escolha está vinculada a uma indicação médica ou a de algum amigo(a) que já ouviu falar ou pratica Yoga. Às vezes, surge também a curiosidade em saber sobre algo que parece uma incógnita: Yoga é filosofia, é religião, é uma escola de misticismo... Enfim: o que é Yoga?
As pessoas que optam por praticar regularmente o Yoga, começam a sentir no corpo(annamayakosha) melhoras significativas: no tônus muscular, mais flexibilidade ao movimentar-se, mudança na forma de respirar e alívio das tensões e ansiedades. Da experiência vivenciada, seja pelos benefícios no corpo, seja pelo estado de paz, relaxamento e quietude encontrados nas aulas de Yoga, surge a constatação de que o Yoga realmente ajuda a melhorar a qualidade de vida.
Dessa forma, o praticante acaba despertando o interesse por conhecer o que realmente é Yoga, o que está além da prática de ásanas, pois as transformações físicas e mentais são evidentes.
Assim, começa a jornada do praticante em direção ao Yoga, a busca pelo conhecimento transformador que liberta, o caminho a ser trilhado do denso ao sutil. Nessa caminhada, a referência para o praticante, quase sempre é um professor de Yoga, pois quando existe uma relação de confiança, é a partir dele que o praticante busca as informações iniciais sobre o Yoga e as orientações sobre livros, textos, revistas, etc.
Daí então se abre um leque de possibilidades sobre onde encontrar as informações sobre Yoga: livros, cursos, workshops, palestras, revistas, sites, etc. Diante desse universo a ser explorado, o praticante pode se deparar com tantas informações, que podem deixá-lo confuso, principalmente no tocante às diversas modalidades de práticas de Yoga existentes na atualidade: power, asthanga, hatha, kundalini, yogaterapia, yogilates, etc.
Outro aspecto relevante, neste contexto, é a quantidade de livros existentes sobre o tema Yoga; uns realmente com conteúdo consistente e outros tantos que chegam a ser pífios devido a sua abordagem simplista sobre o que é Yoga na sua essência. Além disso, temos uma quantidade cada vez maior de pessoas perdidas nos caos urbano, confusas e cada vez mais distantes de si mesmas. Notadamente nas grandes cidades, as situações de medo, violência, conflitos, inseguranças permeiam as relações intra e interpessoais. Para nos proteger criamos prisões dentro e fora de nós mesmos.
Desnorteadas e distantes de si mesmas, cada vez mais aumenta o número de pessoas querendo encontrar um significado maior para suas vidas, com sede de autoconhecimento e de se permitir serem mais felizes. Com essa demanda crescente, surgem pessoas, grupos e entidades que se ocupam verdadeiramente em tornar o mundo um lugar melhor para se viver, a partir do compromisso de ajudar as pessoas a se libertarem de seus "grilhões" através do Yoga, entretanto existem outras tantas que querem tão somente tirar proveito da situação. É o que o professor Hérmogenes definiu como o "mercado de falcatruas do Yoga".
Considerando-se todas essas nuances, é de fundamental importância que o praticante busque apoio e orientação de um professor, mestre, guru ...Enfim alguém que o conduza à luz do conhecimento e que seja verdadeiramente comprometido com o Yoga de forma ampla e irrestrita, e não mero "praticante de ásanas".
Com essa consciência, o praticante dá início a sua caminhada em direção ao Yoga, conhecimento filosófico milenar, que traz no bojo de seu significado literal: jungir, unir, atrelar, manter junto, etc; a base para uma compreensão mais ampla do Yoga, que é a união entre corpo, espírito e mente. Um caminho que nos leva a transcendência do ego, a um estado de plenitude (purna) e contentamento (santosha), pois nos conduz ao autoconhecimento (svadhyaya) e à autorealização.
Sentimos-nos um com o Ser e em harmonia com o dharma. Transformamos-nos em agentes de mudanças, principalmente das que precisamos fazer em nós mesmos, de forma consciente e integrada. O Yoga pode nos conduzir ao estado de libertação (moksha). Segundo B. K. S. Iyengar, "O Yoga nos permite redescobrir o sentido de totalidade , e então nos libertamos da sensação de estar constantemente tentando encaixar peças quebradas. Permite-nos encontrar dentro de nós uma paz que não se deixa perturbar nem atormentar pelas incessantes tensões e batalhas da vida."
Com essa expansão da consciência, o praticante sente que pode estar no seu caminho(sádhana), compartilhando amor, paz e compaixão, pois se sente liberto dos condicionamentos e pronto para viver em harmonia com todos os seres, transformando-se e transformando o mundo a sua volta. "O verdadeiro significado de estar vivo só pode experimentar-se quando se está totalmente consciente. Consciente de cada respiração, cada pensamento, cada ato. Tempo, espaço e pensamento não são mais prisões, mas campos da expressão do ser." (Página 27 da apostila do Curso de Formação/2008 ? Módulo I, de Pedro Kupfer)
Desperto da ignorância (avidya), com o alicerce construído, pautado na conduta ética dos yamas e nyamas, o praticante pode viver o Yoga, não só no ambiente restrito da sala de aula, mas sim em todos os momentos de sua vida, em cada atitude e gesto, principalmente naqueles em que não há alguém por perto. Não há mais preocupação em onde se quer chegar, a meta, o fruto da ação, mas sim o prazer de desfrutar de tudo o que faz parte da jornada.
Fonte: Jacqueline Sousa Guimarães para Yoga.pro
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