Virgindade
Não há dúvida de que há importância e significado em manter a virgindade feminina como disposição pré-matrimonial para a validação social do caráter e da afirmação dos valores éticos nas principais culturas do planeta.
As maiores religiões do mundo tratam a virgindade da mulher, antes do matrimônio, com força de convenção social, a qual acaba por transforma-se, não raro, no maior balizador de uma espiritualidade construída de forma sadia e sustentável.
Esse é também o caso do Cristianismo. Desde sua origem, tomando como ponto de partida a ética judaica, a virgindade é o grande “certificado” tangível de pureza e santidade, sobretudo, para as mulheres. A coisa é tão séria que, chega-se ao ponto, como entre os Católicos Romanos, de fazer da virgindade a “pedra angular” da construção de um matrimônio santo, digno de veneração – pois foi assim que criou-se o dogma da virgindade pós-maternidade de Maria, mãe do Senhor Jesus Cristo – ainda que construído contra as evidências naturais e os indícios bíblicos, incluindo as afirmações relativas aos irmãos de Jesus.
Surpreendente é o fato de que, numa sociedade esvaziada de valores e conteúdos, de ética e propósitos, estimulada fortemente a exacerbação da erotização, haja um crescente interesse de diversos grupos, religiosos, inclusive, em valorizar e promover a virgindade entre jovens solteiros.
Ora, num contexto sócio-cultural, onde estes valores foram não só diluídos, mas praticamente banidos pelo liberalismo pós-década de 1960, impulsionados pela cultura hippie e pelo movimento feminista, deparar-se com os resultados obtidos em pesquisas no exterior, comprovada paralelamente pela recente pesquisa do BEPEC – Bureau de Pesquisa e Estatística Cristã – http://www.bepec.com.br – sobre a sexualidade dos jovens é, sem dúvida, uma surpresa das mais agradáveis e inesperadas.
Movimentos Recentes
Historicamente, a virgindade, como conceito, sempre assumiu uma maior ou menor importância entre os cristãos, e também para o restante dos homens, em diferentes épocas e contextos culturais.
Constata-se, outrossim, que este conceito começou a perder força a partir da primeira guerra mundial e a belle époque, que estabelece uma quebra de paradigma promovendo um novo papel para a mulher em nossa sociedade – a partir do sufrágio universal.
Daí por diante, com a invenção da pílula, o engajamento e abertura de postos de trabalhos para as mulheres nas fábricas, o que produziu sua libertação econômica, além de uma necessidade de se repensar a família, do ponto de vista do planejamento dos filhos, associado aos fatores já citados acima, a questão só complexificou-se.
No início da década de 90, nos Estados Unidos, fomos testemunhas do surgimento de uma série de campanhas em favor da abstinência sexual entre jovens, a começar pelo governo Bill Clinton, que, quase forçosamente, teve de redefinir o conceito do que era sexo – tudo em função do escândalo sexual no qual o próprio presidente esteve envolvido.
Com isso, iniciou a mais maciça campanha pela abstinência sexual entre jovens de forma jamais vista nas escolas americanas, e isso com vistas a combater, principalmente, a propagação de doenças sexualmente transmissíveis. Como cultura mais importante do planeta, fomentadora de regras e difusora de conceitos, as proposições, pensamentos e conceitos acabaram espalhando-se por muitos países do mundo.
Para os cristãos, que acabaram pegando “carona” no movimento secular, a questão não resumiu-se apenas a um problema de saúde pública, mas ganhou contorno ético-religioso, ou seja, estabeleceu-se como um chamado para que a ótica bíblica pudesse ser re-examinada e, sobretudo, cumprida.
Neste contexto, um marco importante foi o movimento religioso em prol da abstinência sexual até o casamento, iniciado em 1994, em uma igreja batista na cidade americana de Baltimore. A partir daí, seguiu-se uma sucessão de outras campanhas, capitaneadas inclusive por artistas famosos e celebridades, como o ídolo teen Justin Bieber e, mais recentemente, a banda Jonas Brothers.
Sem qualquer prejuízo a fé, modismos como a adoção do “anel de pureza”, pulseiras e outros símbolos para representar, explicitamente, à opção de se casar virgem, ganhou rapidamente adeptos também aqui no Brasil. Celebridades, como o jogador Kaká, que declarou publicamente o fato de ter se casado virgem e as implicações positivas de tal decisão, começaram a dar ao movimento uma maior dimensão do ponto de vista sócio-cultural-religioso.
No exterior, o que se vê, seja por conta de campanhas de igrejas, ou por intermédio de ações do governo, é uma tendência à revalorização da virgindade pré-conjugal como prática desejável. Segundo pesquisa da OneHope, ministério jovem fundado em 1987 pelo missionário Bob Hoskins, dois terços dos adolescentes cristãos entrevistados que tiveram experiências sexuais gostariam de ser virgens novamente. Um número ainda mais significa é o de 61% dos adolescentes afirmarem que gostariam de se casar virgens.
Nos Estados Unidos e Europa, as campanhas por abstinência tanto acontecem na esfera eclesiástica, quanto na secular. Já no Brasil, tais ações ainda estão restritas aos “ambientes” cristãos. Numa análise simplista, talvez isso se deva ao fato de que nosso governo não esteja interessado em adotar tal política. Por aqui, a principal ação de saúde pública relativa à sexualidade de jovens e adolescentes não está relacionada à promoção e incentivo da abstinência, mas apenas a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, com o uso de métodos contraceptivos, sobretudo a famosa “camisinha”.
Por outro lado, no âmbito religioso, entre católicos e evangélicos, por exemplo, vemos como a questão pode rapidamente ganhar força quando o interesse é a preservação da vida no seu sentido mais amplo. Há meses temos visto o assunto ganhar os principais tópicos de discussão em redes sociais como o Twitter.
Fonte: Genizahvirtual
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