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Toc, toc, toc, dá licença: Lidando com o que tem de mais certo na vida, a morte

Hoje, acordei pensando na vida e, em sequência, na morte.


Aliás, como é difícil para a maioria de nós lidar com o que tem de mais certo na vida, a morte.


Não sabemos quando, onde e como, contudo temos certeza de que acontecerá comigo, com você, com quem amamos… Torcemos que, ao menos, seja no ciclo natural da vida, ou seja, os mais velhos primeiro. Mas, quando se trata dessa velha amiga, muitas vezes, não há regra alguma. Infelizmente!


Talvez, você esteja estranhando o fato de tratá-la por amiga e, mais ainda, por velha amiga. Mas sabe que este tratamento até me trouxe paz ao coração?! Aceitar o inevitável, realmente, é muito melhor do que ficar brigando contra algo que não temos o menor poder.


Não estou doente e espero viver ainda por muitos anos, pelo menos este é o meu desejo. Tenho muitas coisas ainda para fazer, livros para escrever, realizar minhas viagens espirituais, tipo ficar dias, semanas meditando num Ashram na Índia… Eu estou bem, todavia tenho uma pessoa muita amada, mais velha, que teve um infarto grave, mais um aliás. E isso tem me feito pensar bastante sobre essa visitante nunca convidada, porém esperada e que, nem sempre, bate à porta antes de entrar.
Toc, toc, toc, ainda bem que, na maioria das vezes, ela bate sim, quando vai chegando devagar, sem pressa e, assim, permite aceitação, despedidas, revisão de valores, desculpas, perdões, afetos, não só de quem sabe que a partida está próxima como de todos que acompanham ao lado.


Há muitos anos, e digo conscientemente que foi um presente que recebi da prática da meditação, viver o presente é cada vez mais constante em mim e isso faz uma diferença enorme, para melhor, em nossa vida. Passamos a dar o real valor aos fatos, acontecimentos, às falas e, principalmente, às pessoas. Compaixão faz parte de mim desde então e, junto com ela, o respeito pelo próximo. A vida fica mais fácil, com certeza.


A pior coisa que pode acompanhar alguém é a culpa. É uma carrasca que tortura e mantém a pessoa acorrentada ao passado. E, não raro, ela aparece junto com a morte de alguém próximo. São quase que companhia uma da outra, a morte chega primeiro e, no seu rastro, bem perto, a culpa. Eu poderia ter feito, ter falado, ter evitado, ter amado mais, conversado mais, ter tido mais afeto, estado mais presente… O coração apertado porque agora já passou.


A verdade é que, nem sempre, essa culpa procede e logo se desfaz. É normal, no luto, acreditar que poderia ter feito e sido melhor. Mas, para muitos, a culpa é verdadeira, poderia mesmo ter sido diferente. No entanto, carregar culpa não vai mudar o que aconteceu, mas pode servir para transformar a pessoa num ser melhor, mais presente, mais inteiro em suas relações, inclusive, com ele mesmo.
Mas é sempre melhor nos tornarmos conscientes já, agora, neste momento presente, que é o único com que de fato podemos interagir, revendo nossos valores, nossas atitudes, onde, com quem e de que forma estamos despendendo nosso tempo, nossa energia e nossa presença.


Assim, quando ela chegar, para nós mesmos ou para um ente querido, podemos estar em paz e sabendo que fizemos o nosso melhor por nós e pelo outro.

FONTE: Sandra Rosenfeld.

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