Quem não se comunica...
Por Gilberto Cury*
Imagine a cena: a diretoria acaba de aprovar a ideia que promete alçar a empresa a um novo patamar. Toda a companhia está preparada com tecnologia e profissionais capacitados para executá-la, e as pesquisas indicam que o produto final será um sucesso. Infelizmente, na hora de contatar o consumidor, o vendedor não é bem-sucedido ao explicar para o cliente toda a funcionalidade do produto.
Outro cenário: a empresa acaba de abrir uma vaga para a qual você seria perfeito. Está bem preparado, tem conhecimento e prática no assunto, já trabalha ali há alguns anos e merece a promoção. Na hora de impressionar a diretoria em uma reunião, você não se expressa com clareza e acaba sendo ofuscado por outro, que leva a vaga.
Exemplos assim acontecem todos os dias nas corporações. Isso mostra como uma importante ferramenta é muitas vezes negligenciada na vida profissional: a habilidade de se comunicar. A habilidade de se expressar com clareza e de entender o interlocutor deve permear as atividades corporativas para melhorar o desempenho dos colaboradores e, por conseguinte, da empresa. É a base para o trabalho colaborativo e para a solução de conflitos e problemas de relacionamento interpessoal.
Situações simples podem se transformar em conflitos pela má qualidade da interação entre os membros de uma equipe. Existem variáveis a serem consideradas no processo de comunicação. Segundo Albert Mehrabian em seu livro Silent Messages as palavras representam 7% das mensagens, enquanto a forma como são ditas representa 38% e aspectos não verbais, 55%. Palavras têm significados diferentes para pessoas diferentes. Não é só porque você disse algo que a outra pessoa vai entender da maneira pretendida, e uma mensagem mal-interpretada pode causar efeitos indesejados e conflitos desnecessários. Da mesma forma, se uma pessoa discorda de você não significa desrespeito: é apenas uma mostra de que o outro pensa diferente. Quando encaramos opiniões distintas com flexibilidade – mesmo que venham de pessoas consideradas difíceis – estamos abertos a novas opções, escolhas e resultados. Maneiras diferentes de encarar um problema podem ajudar a encontrar soluções mais criativas e desenvolver a empresa como um todo.
Mais que simplesmente falar bem, a boa comunicação envolve fazer com que o outro se sinta ouvido e respeitado e prestar atenção no que diz para entender como ele funciona, de que forma processa as informações e o que a fala não revela, mas o não verbal, sim. Em vez de participar como um sujeito passivo, é realmente interagir, gerando confiança e aceitação. A habilidade de se comunicar com clareza e elegância melhora a qualidade das relações pessoais e profissionais, e traz resultados práticos e visíveis, como nos favorecer em uma negociação, oferecer argumentos que realmente motivem o outro e facilitar o trânsito de conhecimento. Esse cuidado ajuda a garantir um caminho bem-sucedido em direção a um futuro promissor para a empresa, seja você o dono, o gerente ou um colaborador.
Aprimorar a forma como as pessoas que fazem a empresa se comunicam entre si e com outros públicos de interesse é a uma forma de promover o surgimento de boas ideias. Pode ser que o concorrente já tenha cuidado desse problema e esteja um passo à frente.
(*) Gilberto Cury é presidente da SBPNL – Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística
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