No Brasil pelo fato do crédito estar em expansão nos últimos meses, somente para pessoa física o crescimento foi de 4,4% no primeiro trimestre e com isso, as famílias já comprometeram 22% de suas rendas com o pagamento de prestações para os próximos meses. Para aliviar o bolso, quem recorre aos empréstimos e cheque especial, as taxas médias voltaram a subir no mês de junho, registrando a segunda alta consecutiva dos juros nessas duas modalidades, conforme pesquisa divulgada pelo Procon-SP.
E qual o risco para as famílias brasileiras que comprometeram quase 30% da sua renda com parcelas extensas, que vão, por exemplo, até o final deste ano? Segundo Antonio de Julio, instrutor financeiro e profissional do MoneyFit, o risco dessas pessoas é de não conseguir montar uma reserva financeira para os momentos de crise, como perda de emprego, alguma situação de emergência com saúde ou até mesmo reparos emergenciais nas suas residências ou veículos, por exemplo!
“Isso fora que o governo central começou a aumentar a taxa básica de juros - Selic, que é a referência para aplicações em renda fixa e "nem tanto" para os bancos, que chegam a cobrar quase que mensalmente o valor anual da taxa Selic. Para quem está poupando, esse aumento é muito bom, pois vai aumentar os rendimentos do dinheiro aplicado. Mas para quem está devendo pode ser mais doloroso ainda, pois os bancos costumam aumentar "por antecipação" as suas taxas, alegando aumento no risco de inadimplência”, ressalta Antonio de Julio.
Segundo Antonio de Julio, para as pessoas que já comprometeram sua renda de forma arriscada, o primeiro passo é parar de gastar urgentemente, colocar seu dinheiro na "U.T.I." financeira e sair dessa situação o mais rápido possível. Se vier um aperto monetário da taxa de juros, a situação só tenderá a piorar. Neste caso, ele destaca ainda que as pessoas precisam entender que o dinheiro não foi feito apenas para gastar. Ao quitar uma dívida, ela tem que se preparar melhor antes de entrar em outra.
O ideal é pesquisar sobre os produtos e serviços similares, negociar prazos menores de parcelas e financiamentos e apresentar uma boa entrada de dinheiro para aliviar o financiamento, e principalmente evitar as compras por impulso, entre outras formas. “Não é porque o dinheiro sobrou que tem que ser gasto. “Ele pode ser aplicado para um dia gerar mais dinheiro e essa cultura tem que ser criada, pois, todas as pessoas estão sujeitas a um efeito noé, ou seja, algo de grande impacto na vida, assim como nos aspectos financeiros, um dia com certeza irá ocorrer, ressalta Julio.
O caminho para sair do estado devedor, equilibrar as contas, para enfim poupar é difícil, mas não é impossível. Antonio de Julio explica que talvez a mudança de estado devedor para o estado poupador seja a mais difícil de ocorrer. Não só pelo endividamento em sí, mas pelo estado mental da pessoa. Ela tem que entender que guardar, que seja um pouco por mês, já muda o seu padrão mental com relação ao dinheiro. “As pessoas gastam sem necessidade, não pesquisam, não perguntam quais são as taxas que aquele cartão da loja e que muitas vezes a "anuidade zero" pode estar embutida em manutenções mensais que são descritas na fatura. Parar de dever é como fazer uma dieta e ir até o fim, sem o "efeito sanfona".
Para equilibrar as contas, não tem mistério e nem milagre. O que entra de dinheiro deve ser maior do que o que sai. O limite do cheque especial está disponível para uma EMERGÊNCIA e não para ser adicionado ao seu saldo bancário.
Para as pessoas que querem começar a investir, jamais entreguem seu dinheiro na mão de terceiros, sejam eles os profissionais que forem. Quem deve entender do seu dinheiro é somente você. Profissionais de finanças podem e devem ser consultados, mas as decisões devem ser única e exclusivamente das pessoas que querem investir.
Para encerrar, um lembrete: “quem acha chato ler sobre dinheiro está dizendo a sí mesmo que não gosta de dinheiro”.
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