Durante o processo de cicatrização, seja após uma cirurgia ou de um corte mais profundo na pele, o resultado pode ser afetado pelo aparecimento de um queloide - uma sequela estética indesejada e que incomoda, principalmente quando aparece em regiões mais expostas ou depois da plástica, quando tudo o que uma pessoa quer é ficar mais bonita.
“Queloide é uma cicatriz imperfeita que surge por uma resposta cicatricial intensa do organismo, que extrapola os limites de um dano cutâneo ocasionado por uma inflamação, queimadura ou incisão cirúrgica”, comenta Carmélia Reis “Esse problema ocorre com mais frequência em negros americanos e asiáticos do que em pacientes caucasianos na proporção de 5:1 a 15:1”.
Clinicamente, o queloide mostra-se como um inchaço endurecido, róseo, com coceira, por vezes dolorosa, localizado na região onde foi realizada a incisão cirúrgica ou não. De acordo com relatos médicos, esse tipo de cicatriz pode ocorrer em qualquer lugar do corpo, como nos lóbulos da orelha, ombros, região peitoral e tronco superior, mas raramente se desenvolve nas mãos, pés, axilas ou couro cabeludo. “Num mesmo indivíduo, um ferimento localizado na mão pode não desenvolver o queloide, enquanto que no abdome ele pode aparecer de forma bem intensa. Isso ocorre devido às características da pele de cada região, como espessura, pigmentação, quantidade de colágeno, presença de glândulas e pelos, entre outras”.
Para controlar o aparecimento desse problema é fundamental que o paciente, quando for submetido a algum procedimento cirúrgico, informe ao médico se existe história familiar ou pessoal de queloide. “É impossível ao médico predizer se a cirurgia formará uma cicatriz como essa, mesmo num paciente predisposto, contudo o profissional poderá tomar condutas que reduzam essa probabilidade, como iniciar o tratamento 24 horas após a cirurgia”, esclarece a especialista.
Existem diversas formas de tratamento, com sucesso variável, embora existam evidências de a terapêutica combinada seja mais eficiente que a monoterapia, ainda não há consenso quanto às características da lesão que são responsáveis pela melhor resposta terapêutica. Entre as condutas terapêuticas destacam-se o uso de radioterapia local, betaterapia (radioterapia), placas de silicone, injeções de corticosteróides, fitas oclusivas de corticosteróides, cirurgias redutoras, terapia fotodinâmica e criocirurgia (congelamento do local).
Laser e Criocirurgia: opções de tratamento
A aplicação de Laser sobre a cicatriz, após um procedimento cirúrgico, também pode ajudar a amenizar o desenvolvimento do queloide, porque o tratamento promove a bioinibição seletiva da produção do colágeno, uma vez que a energia emitida de um Laser vascular, PDL por exemplo, é absorvida pela hemoglobina que gera calor e leva à necrose de coagulação e, consequentemente, à redução da cicatriz.
“A escolha do melhor tratamento dependerá do local e tamanho do queloide que o paciente apresenta, uma vez que em lesões menores de 20 mm, a compressão após cirurgia mostrou-se eficiente, sem necessidade de complementação com corticóide injetável ou betaterapia. Já nas lesões maiores de 40 mm, nem mesmo a associação de compressão com corticóide injetável e radioterapia se mostrou eficaz”, relata Dra. Carmélia.
Para alcançar resultados satisfatórios, após o tratamento o acompanhamento deve ser realizado, no mínimo, por um ano para avaliar se existe a possibilidade de uma recorrência, já que alguns estudos indicam que a repetição de queloide no lóbulo da orelha, por exemplo, ocorre, em média, 5 meses após sua retirada. “Isso acontece porque o fator beta, gene transformador do crescimento (TGF-β1), age como um potente estimulante da matriz do tecido conectivo, principalmente do colágeno que, se for estimulado em excesso, induzirá na elevação da pele novamente e, consequentemente, na origem do quelóide”, finaliza.
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