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A SAÚDE EM CAMADAS: A magia ancestral das cebolas

Cortando cebolas na cozinha, penso que as lágrimas que me escorrem pelo rosto só podem ser de gratidão à natureza, mestra criadora deste vegetal caprichoso, especial no gosto, na forma e nos benefícios que proporciona à nossa saúde. A sabedoria popular, enquanto enaltece a cebola e suas qualidades, ensina a evitar o pranto provocado pelos componentes sulfúricos da planta: experimente gelar a cebola antes de cortá-la em rodelas, sempre em direção ao cabo; ou então descascá-la com a boca cheia de água. Se nada disso funcionar, não desanime: chorar, neste caso, faz bem ao coração, já que a mesma substância que provoca as lágrimas evita a pressão alta e diminui o colesterol!



Uma garantia de sabor atravessando séculos

"Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos."
Velho Testamento, Números 11:5

Começar uma receita refogando cebolas já garante, em princípio, a qualidade do gosto. Ingrediente básico em quase todos os pratos, a cebola já temperava a vida no tempo dos romanos, valorizada por Apicius, autor do primeiro livro de receitas de que se tem notícia. Bem antes disso, suas camadas concêntricas eram adoradas nos altares egípcios: com sua forma esférica perfeita e design original a cebola, muitas vezes esculpida em ouro, simbolizava a eternidade; foi encontrada em múmias e representada em belas pinturas nas paredes internas das pirâmides. Levada para a Grécia, a cebola já chegou famosa por afinar o sangue e por suas propriedades fortificantes; foi imediatamente adotada pelos atletas locais, que tomavam seu suco e as esfregavam nos músculos antes das competições. Na Índia, a cebola era bem conhecida por suas qualidades medicinais, digestivas e anti-sépticas, e até hoje se conserva o hábito: uma cebola por dia é receita certa de boa disposição e saúde. Melhor ainda: não precisa ser crua, pra não atrapalhar o beijo em encontros românticos... O cozimento e a alta temperatura pouco alteram as propriedades curativas do vegetal.

Contra a osteoporose, um petisco delicioso

Recentemente, descobri na seção de temperos do supermercado uma delícia inesperada, que vou mordiscando diariamente enquanto caminho para casa, voltando da academia: lascas de cebola desidratada. Curtindo o torradinho levemente adocicado, eu já sabia estar assim recuperando, com baixas calorias - cada cebola grande tem apenas 60 - parte da energia consumida no exercício; eu nem desconfiava, porém, que ao mesmo tempo me protegia da osteoporose. Experiências com ratos, em laboratório, comprovaram que a ingestão de uma grama diária de cebola desidratada, por 4 meses, aumentou em 17% o conteúdo e a densidade mineral dos ossos. Rica em quercetina, poderoso antioxidante, a cebola é eficiente também no combate aos radicais livres; os flavonóides da cebola, mais eficientes que os da maçã ou do chá, protegem no organismo o teor de vitamina E previnem a formação de úlceras: quanto mais forte o gosto, mais potente o efeito protetor contra a arteriosclerose, prevenindo enfartes e derrames.

Mais que um vegetal: um tempero imortal a inspirar poetas

"A cebola é como a vida: de camada em camada, vamos tirando a casca; e, de vez em quando, choramos..."
Carl Sandburg - poeta americano

Boa para matar a sede e de fácil conservação, a cebola é um vegetal pra lá de vulgar e cresce naturalmente em todas as partes do mundo. Seu destino, que de tão comum prometia ser simples e humilde, ultrapassou fronteiras e transcendeu funções, inspirando até poetas. Mas nem só de tempero ou poesia vive a cebola; de tão gostosa e versátil faz as honras da mesa também como prato principal, como mostra nossa receita de hoje:

Receita água na boca
Torta de cebola


Ingredientes: Massa:1 ovo; 1 xícara de farinha integral de trigo ou centeio. Recheio: 2 xícaras de cebola descascada e cortada em rodelas finas; 30 g de tofu; 1 xícara de água filtrada; 1 colher de sopa de fécula de araruta; 1 colher de sopa de noz moscada em pó; 1 colher de sopa de salsa; 1 colher de chá de páprika doce em pó; shoyo a gosto

Modo de fazer: Massa: Misturar os ingredientes até obter uma massa lisa e uniforme que não grude nas mãos. Deixar descansar por 15 minutos. Abrir a massa fina e colocar no pirex, sem apertar muito Recheio: Bater no liquidificador o tofu, com a água, a fécula de araruta e os temperos. Refogar a cebola no shoyo. Acrescentar o tofu batido, mexendo com a colher de pau até engrossar. Despejar o recheio de cebolas dentro da massa da torta, no pirex. Levar ao forno quente por 1/2 hora. Dá 2 porções.

Cada porção contém: 342 calorias; 16,1% de gordura; 69,4% de carboidratos; 14,5% de proteína
6,2 g de gordura; 59,4 g de carboidratos; 12,2 g de fibras; 12,4 g de proteína; 106 mg de colesterol

Noga Lubicz é pesquisadora energética e cria jóias magnéticas; é também escritora e pesquisadora de culinária vegetariana
Email: [email protected]

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