Macapá - Duas médicas infectologistas do Instituto Evandro Chagas, de Belém (PA), estão coletando sangue dos moradores da Vila do Igarapé da Fortaleza, localizada no Distrito de Fazendinha a 17 km da capital do Amapá. As especialistas chegaram na madrugada de terça- feira (1), e logo pela manhã deram inicio ao trabalho de pesquisa que vai esclarecer sobre a suspeita de casos da doença de chagas em moradores da localidade.
Os primeiros pacientes a apresentarem quadro suspeito foram crianças, em seguida, adultos, totalizando 12 pessoas. Ao serem atendidos nas unidades de saúde, os pacientes receberam tratamento de combate à dengue, já que os sintomas das duas doenças são semelhantes. Segundo o Secretário estadual de Saúde Uilton Tavares, mesmo com o tratamento da dengue, os pacientes não apresentavam melhora. "Em função do quadro clínico permanecer o mesmo, realizamos uma bateria de exames para várias doenças virais, e nesse exame, que é inespecífico, que é a sorologia, apresentou resultado positivo para doença de chagas. Os pacientes receberam o tratamento para a doença e melhoraram", disse o secretário.
No entanto, o médico Uilton Tavares reuniu a imprensa e declarou que "não existe surto de doença de Chagas no Amapá". A afirmativa se deve ao fato de que os mesmos pacientes foram submetidos aos exames específicos para detectar a doença denominados "QBC" e Gôta Espressa, feitos a partir do sangue do paciente e os resultados foram negativos.
Ainda segundo o secretário estadual de saúde, o que existem são casos suspeitos e que só serão esclarecidos a partir do trabalho de pesquisa que está sendo feito pelas médicas infectologistas do Instituto Evandro Chagas, que é uma referência no diagnóstico, tratamento e acompanhamento da doença na região Norte.
"Os primeiros casos suspeitos foram detectados no mês de novembro e imediatamente comunicamos à Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, que está acompanhando através de relatórios de pesquisas sobre a suspeita de casos da doença de Chagas no Amapá", esclareceu Uilton Tavares.
Durante as pesquisas feitas pelos técnicos da Secretaria Estadual de Saúde na localidade do Igarapé da Fortaleza, foi encontrado um "barbeiro", inseto que serve de hospedeiro do parasita Trypanosoma Cruzi, transmissor da doença. Como o inseto foi encontrado morto, não foi possível a realização de exames para verificar se havia ou não contaminação.
A transmissão mais comum da doença de Chagas se dar a partir da picada do barbeiro, que ocorre normalmente durante a noite. Ao mesmo tempo em que suga o sangue o inseto defeca e é no intestino que o parasita transmissor se hospeda. A picada provoca coceira e irritação na pele o que faz com que o parasita tenha acesso ao organismo.
As médicas infectologistas do Instituto Evandro Chagas ficarão na localidade do Igarapé da Fortaleza até a próxima quinta-feira (3) quando retornam a Belém levando todo material coletado para exames específicos que vão esclarecer sobre a suspeita do registro da doença no Amapá.
Sândala Barros é repórter da Agência Brasil
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