Por Anita Prado
Conexao Jornalismo
A comunicação entre o homem e espíritos não é mais um tabu para a Igreja Católica. De acordo com o professor de teologia da PUC-Rio e arqueólogo ligado ao Vaticano, frei Isidoro Mazzarolo, em entrevista exclusiva a Conexão Jornalismo, a Igreja deve estimular pesquisas científicas relacionadas a fenômenos em qualquer credo. Em tempos de Papa Francisco, a busca pela verdade, segundo ele, tem sido cada vez mais incentivada pela comunidade católica.
A manifestação do teólogo católico ocorre um dia após a publicação em O Globo de vídeo-reportagem de Elcio Braga onde a Ciência Psiquiátrica brasileira avança nesta direção. A reportagem revela que o psiquiatra Alexandre Moreira Almeida, do Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde da UFJF, busca comprovar ou reprovar a legitimidade do conteúdo de cartas psicografadas por Chico Xavier.
Igreja defende pesquisa e confirmação
Isidoro Mazzarolo afirma que não só o "milagre" experimentado pela fé católica deve ser comprovado pela ciência, mas qualquer fato "anormal" presente no meio religioso. "O presente em que vivemos deve passar longe de resquícios da inquisição", afirmou. Naquela época, manifestações espirituais ou místicas fora do comum eram consideradas profanas e seus praticantes chamados de "bruxos". Punições, castigos, tortura e até a morte eram comuns.
Chico Xavier foi considerado o maior médium brasileiro e escreveu centenas de livros inspirados na chamada psicografia. Nela, espíritos ditariam mensagens a fim de confortar seus parentes.
Mesmo que eventos presentes no espiritismo não façam parte da sua crença, para o frei o brasileiro precisa estudar mais as características dos fenômenos, para compreender melhor a sua veracidade e não acabar possivelmente sendo vítima de manipulação ou fraude. A compreensão de elementos da parapsicologia e radiestesia, por exemplo, seriam fundamentais para a análise dos eventos: "Quanto mais conhecermos a mente humana e suas peculiaridades, maior será nossa saúde mental e física", garante.
PASTOR CRITICA DEMONIZAÇÃO DOS ESTUDOS SOBRE ESPIRITISMO
Para o pastor Alexandre Marques Cabral, da Igreja Presbiteriana, o caráter "satânico" atribuído a pesquisas relacionadas ao espiritismo pela comunidade evangélica é retrato do preconceito. No seu ponto de vista, é necessário que cada cidadão compreenda o dever da ciência de investigar e entender fenômenos paranormais. Segundo o pastor, os chamados fenômenos são mais normais do que se pode supor.
Outro ponto polêmico abordado pelo pastor foi a necessidade de tirar dos "guetos" religiosos eventos sobrenaturais: "esses eventos são de toda a sociedade, aconteceram dentro dela e não deveriam ser ignorados", explicou.
Pastor Alexandre Cabral: preconceito devido a ignorância
Também professor da UERJ, o pastor Alexandre criticou a falta de investimentos públicos direcionados a pesquisas do campo teológico. De acordo com ele, esse fator amplia a intolerância e o preconceito exatamente em um país de pluralidade religiosa como o Brasil. Isso ocorre, segundo o pastor, porque tratamos a religião como algo individual, e não coletivo, de toda a sociedade: "esse erro nos faz correr o risco de conviver com situações como a criação de uma "bancada evangélica" na política, ou de mídias televisivas ligadas a correntes religiosas, extremamente doutrinadoras. É um perigo para a sociedade...", desabafou.
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