Brasil, como observamos em nossa série de biomas, é um país de extensa biodiversidade. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divide as regiões de terra firme da nação em seis diferentes biomas, que são regiões definidas a partir da vegetação predominante e da diversidade ecológica que se adapta à existência no local, além de considerar fatores geológicos e climáticos. Hoje, em nossa breve exploração, chegamos à caatinga, o único bioma exclusivamente brasileiro. Isso mesmo. Só existe no Brasil. Ocupa 10% do território nacional e prevalece no nordeste o país.
O termo caatinga deriva do tupi e quer dizer “mata branca”. O leitor pode indagar: mas vegetação não é predominantemente verde? Verdade, mas o nome faz referência ao fato da folhagem ser perdida durante grande parte do ano, deixando os galhos expostos, os quais serão cobertos com poeira branca dos solos argilosos e secos. As folhas voltam a surgir em época de chuva, em um curto período do ano. Com a temperatura média entre 27ºC e 29ºC, a perda de folhas é uma adaptação ao clima semiárido da região, uma vez que a incidência do sol faz com que a água evapore, deixando as plantas pelas folhas.
Talvez a característica mais marcante da caatinga seja a prevalência de plantas xeromórficas. Este termo diz respeito à vegetação que se adapta a condições climáticas áridas. Já ouviu falar de como o caule dos cactos são suculentos? Pois, é. Caules e folhas carnudos são comuns na caatinga, e têm como objetivo armazenar água tão escassa em diversas áreas. Além disso, as folhas, como já citamos, são perdidas em determinadas épocas, isto é, são decíduas. Outra adaptação das folhas é possuir uma grossa camada de cera impermeabilizante que impede a evaporação excessiva da água (alguns hidratantes corporais utilizam técnica similar com nossa pele). Para completar, vimos que chuva não é fenômeno fácil no nordeste brasileiro, e isso leva a raízes que se infiltram profundamente no solo em busca da água que não chega do céu.
Como exemplares típicos da flora, temos o famoso xique-xique (Pilosocereus polygonus), que pertence à família dos cactos, é muito utilizado para a alimentação de ruminantes, o que tem sido um grande problema para a sua preservação, já que a planta é cortada e queimada para que esteja em condições de servir como alimento, sendo assim, sofre risco de extinção. O umbuzeiro (Spondias tuberosa) é uma árvore de pequeno porte e copa larga. Suas folhas, de grande valor alimentício, com gosto “azedinho” também são usadas como alimento pelos seres humanos, seu fruto chama-se umbu. Por fim, podemos citar a aroeira, que possui várias espécies, e é muito explorada devido a sua madeira resistente e ideal para se usar em construções, linhas férreas e postes.
Por Juliana Carani, Bióloga graduada na Universidade de Brasília
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