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Meditação no judaísmo: As dimensões espirituais da herança judaica

Ainda pouco conhecida, a meditação judaica tem sido negada como prática existente dentro do judaísmo. Os elementos místicos encontrados na tradição são conhecidos apenas pela cabala ou por meio das narrativas ou contos dos sábios mestres chassídicos. Esses fatos levaram o rabino Aryeh Kaplan a uma incessante busca por documentos de difícil alcance, leitura e traduções de textos hebraicos raros e inacessíveis.

No livro Meditação judaica – Um guia prático, da Editora Ágora, o rabino reúne informações surpreendentes sobre as dimensões espirituais da herança judaica, resgatando toda a riqueza de práticas de meditação contida no judaísmo clássico. Falecido em 1983, Kaplan é considerado um dos maiores especialistas no assunto. Ele deixou um legado de mais de 40 livros sobre judaísmo.

Meditar leva a pessoa a um alto nível de consciência de Deus. Para Kaplan, o maior objetivo da meditação no judaísmo e em muitas tradições religiosas é o de liberar a mente de obstáculos, a fim de abri-la por inteiro para a experiência de Deus. Todas as práticas de meditação têm entre seus objetivos o desenvolvimento ou ampliação da consciência. Apesar de haver semelhanças nas técnicas, o objetivo da meditação judaica é, segundo o rabino, o de levar a pessoa a estabelecer uma conversa com Deus, na medida em que se torna sensível à percepção do divino em todas as coisas, no milagre da criação.

A meditação é a técnica mais importante utilizada por místicos no mundo inteiro e o seu aspecto mais pujante é o de alcançar uma consciência da dimensão espiritual da realidade. O livro traz algumas revelações inéditas até mesmo para aqueles mais versados na literatura religiosa judaica. “Defini a meditação como uma forma controlada do pensar. No nível mais simples, podemos optar por sentar durante meia hora e apenas refletir sobre um tema específico”, complementa o rabino. Ele revela as técnicas meditativas altamente avançadas e potencialmente perigosas para iniciantes, e também as mais simples, seguras e poderosas como, por exemplo, conversar com Deus.

Para Kaplan, a meditação tem sido parte integrante do judaísmo ao longo de toda a sua história. Segundo ele, após a destruição de Jerusalém e a dispersão dos hebreus pelo Império Romano, os mestres passaram a restringir a meditação aos mais qualificados, temendo que, dispersos, os judeus mais simples fossem levados pelo entusiasmo por práticas nem sempre compatíveis com o judaísmo. A obra mostra que o estabelecimento de uma norma de orações populares diárias incluía a ideia de que essas orações, repetidas três vezes ao dia, funcionassem como mantras destinados a elevar a consciência espiritual dos fiéis. Para o autor, a meditação continuou a existir como exercício consciente realizado por estudiosos ou como exercício implícito na prática diária da oração.


Fonte: Glória Hazan é mestre em ciências da religião.
 

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