Por Monsenhor Jonas Abib*
Muitas pessoas têm buscado a Palavra do Senhor. Talvez você seja uma delas. Mas, você já parou para se perguntar como tem recebido tudo isso? O que o Senhor dá a você é sempre precioso. Trata-se de uma semente boa que tem em si toda a capacidade de gerar frutos. Então, que tipo de terreno tem sido o seu coração?
Jesus deixou clara sua preocupação com isso ao apresentar a Parábola do Semeador: “Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho; e os pássaros do céu vieram e comeram tudo. Outras caíram em sítios pedregosos, onde não havia muita terra; logo brotaram, porque a terra era pouco profunda; mas, quando o sol se levantou, ficaram queimadas e por lhes faltarem raízes, secaram. Outras caíram entre os espinhos; os espinhos cresceram e as sufocaram. Outras caíram na terra boa e deram fruto, uma cem, outra sessenta, outra trinta por um. Quem tiver ouvidos, ouça!” Mateus 13,4-9).
Então, volto a perguntar: que tipo de terreno você tem sido? Existe aquele terreno que acolhe a Palavra, mas não a retém; recebe a Palavra apenas festivamente, mas não a acolhe, não tem profundidade. Então, o que acontece? A Palavra não produz frutos em sua vida. Pode ser que você viva assim: vai à Santa Missa, a reuniões, ao grupo de oração, faz palestras, participa de dia de louvor, de encontros, mas tudo apenas festivamente. A Palavra cai em você, mas não deixa resultados.
Há outro tipo de terreno que é o pedregoso. A Palavra caiu e você a acolheu com alegria, mas não a deixou que fincasse raízes. O próprio Jesus explica essa inconstância: sobrevindo uma dificuldade, um problema, uma tribulação ou perseguição por causa dela [Palavra], logo você a deixa. Muitos de nós temos agido assim. Parece que não temos força nenhuma, nem qualquer coragem, somos cristãos sem fibra, sem têmpera, pensando que Deus Pai deve nos tratar como “filhinhos de papai”, retirando todas as dificuldades e os problemas do nosso caminho. Diante da primeira tribulação, somos já terreno pedregoso, onde a Palavra não pode fincar raízes.
Outro tipo de terreno é aquele cheio de espinhos. Você ouviu bem a Palavra, com alegria a recebeu, acolheu, mas os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a tornam infrutífera. Infelizmente, isso tem acontecido com muita gente. Recebem a Palavra, passam pela conversão, mas os cuidados deste mundo, os trabalhos, os afazeres, as riquezas, o conforto, o comodismo, os compromissos sociais e tantas outras coisas vão sufocando a graça recebida e tudo vai embora.
Muitos cristãos começaram bem, permaneceram nesse caminho por um bom tempo, mas não abriram mão da vida que viviam, do caminho que estavam trilhando. Quiseram ser cristãos, mas, ao mesmo tempo, viver a vida antiga. Então, tudo que receberam se esvaziou. Os compromissos sociais, as reuniões, as festas, o conforto, a necessidade de ter mais dinheiro, a necessidade de seguir a moda, tudo isso foi sufocando a Palavra, a graça, o Espírito Santo com Seus dons e frutos. Tudo se foi. Será que você não tem sido esse terreno?
Por fim, Jesus fala da semente que caiu em terreno bom. Ele nem fala de um terreno especial, mas de um terreno bom em que a semente caiu e frutificou. Um terreno que acolheu a Palavra e produziu frutos. É preciso que sejamos assim. Você tem recebido muito, graças a Deus. O Senhor está investindo em você. Não desperdice a graça tão abundante que tem sido derramada em sua vida.
(*) Monsenhor Jonas Abib é fundador da Comunidade Canção Nova, elevada à condição de Associação Internacional de Fiéis pelo Papa Bento XVI em 2008.
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