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Ele é diferente... afinal quem não é: Vencendo preconceitos

*Por João Burnier

 

Esse texto é sobre ser diferente, mas especificamente sobre ser diferente numa sociedade como a nossa.

 

As pessoas compreendem o seu entorno, muitas vezes, como sendo algo imutável e que sempre foi assim; por segurança, medo, ou qualquer outra coisa... mas o fato é que estamos em constante transformação, como sociedade e como indivíduos.

 

Peguemos por exemplo, a família: a configuração tida como “padrão”, é algo que não tem mais que 200 anos. Antes o que era considerado núcleo familiar, eram outras coisas. Na Grécia antiga, era considerado família, aqueles que rezavam para o mesmo deus. Em algumas tribos indígenas, as pessoas que ficam responsáveis de cuidar dos filhos da tribo, são os avós; e assim por diante.

 

Hoje em dia, na nossa sociedade, já existem núcleos familiares diferentes:

- Casais heterossexuais com filhos, por mais “comum” que isso possa parecer , já existem variações dentro dessa categoria, você pode ver casais filhos desse casamento; casais com filhos de casamentos anteriores.

- Casais heterossexuais casados, mas sem filhos. Essa opção até muito pouco tempo atrás era super mal vista e, na maioria das vezes, passível de critica – “onde já se viu isso, como não querer ter filhos”.

- Casais homossexuais com filhos

- Casais homossexuais sem filhos.

- Pessoas divorciadas com filhos.

- Pessoas solteiras com filhos.

Ou seja, varias formas de se pensar Família.

 

Parece brincadeira, mas até muito pouco tempo, coisa de 25 anos atrás, algumas mães diziam para seus filhos não brincarem com fulano, pois ele era filho de pais separados e por isso não devia ser boa influencia. Uma coisa que é impensável nos dias de hoje.

Acho que podemos tranquilamente transpor a situação a cima para uma análoga nos dias de hoje: filhos de casais homossexuais (ou também, como se tem utilizado, casais homoafetivos).

Muitos dizem não ter preconceitos, mas recente em uma reunião de pais, numa escola de São Paulo, foi proposto um exercício: “Quem aqui deixaria o filho dormir na casa do colega, sabendo que os pais são um casal gay?”

 

Esse exercício que parece bobo, até ingênuo, nos faz entrar em contato com nossos preconceitos e medos.

Medo do diferente; diferente esse que põem em cheque algo que já não é mais tão seguro como antigamente. Muitas das mudanças nas famílias descritas acima, não tem nada relacionado com a sexualidade da pessoa. Mas mesmo assim trouxeram mudanças ao modelo “seguro/padrão” de família brasileira.

Mas o ódio que se estende aos gays hoje em dia, transpassa qualquer racionalidade.

Se você for agir apenas racionalmente, não há logica para não deixar o seu filho ir dormir na casa do colega, seja qual for a família dele. Logico que você pode não gostar dos pais daquela criança e não deixar seu filho dormir lá. Há pais dos mais variados.

O que a escola levantava, e chamava a atenção, era conhecer os pais dos amigos dos seus filhos, sejam eles quem forem. Conviver com o diferente traz ao outro a possibilidade de questionar seus padrões e conseguir ir além.

Afinal o diferente só é diferente, não é melhor nem pior que nós mesmos.

Aos olhos dos outros, somos todos diferentes.

 

Convido, você leitor, a pensar e debater sobre isso... como você responderia se estivesse na reunião de pais dessa escola?

 

*João Burnier, Psicólogo

[email protected]

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