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Autoconhecimento: O indispensável equilíbrio de ser

"A vida não tece apenas uma teia de perdas, mas nos proporciona uma sucessão de ganhos. O equilíbrio da balança depende muito do que soubermos e quisermos enxergar". (Lya Luft)

 

Nas últimas semanas, tenho recebido muitos e-mails de ajuda pessoal. Mensagens que descrevem situações de insatisfação com a vida ou até mesmo de desespero. No entanto, a maioria destas pessoas relatam não padecer de nenhuma doença que as tornam incapazes ou limitadas para o livre fluir da experiência vital. Sentem-se vitimizadas pelas circunstâncias e desdobramentos de uma trajetória considerada infeliz desde a infância.

 

Uma significativa parcela destes indivíduos perguntam se a regressão de memória poderia resolver os seus problemas íntimos e trazer um pouco de paz e luz para corações e mentes.

 

Como para mim torna-se impossível responder individualmente as mensagens recebidas, aproveito este canal de interação com o público leitor para responder aos amigos que me escreveram e a tantos outros que encontram-se em semelhante situação, ou seja, desgostosos com a vida.

 

Pois bem, meus amigos, começo afirmando que o consultório de psicoterapia reúne a síntese do que acontece com todos nós, inclusive com o psicoterapeuta, embora este necessite adotar uma postura neutra para ajudar a quem busca conhecer a origem de suas dores e, a partir deste momento, lidar melhor com situações que geravam sofrimento.

 

Neste sentido, a experiência terapêutica tem demonstrado que no contexto vital o que mais repercute na mente e coração de um indivíduo é a sua bagagem emocional, cujo conteúdo de experiências infantis psiquicamente traumáticas pode associar-se ao conteúdo de vidas passadas e tornar esta bagagem ainda mais "pesada". Esta vivência cumulativa, baseada em experiências que provocaram dor psíquica e níveis de sofrimento suportáveis para uns e insuportáveis para outros, é o que determina o modelo comportamental do indivíduo. Padrão que revela um perfil em equilíbrio ou em desequilíbrio vital. Contudo, todos os indivíduos padecem de sua dores da alma, embora como registramos acima, uns tenham o senso de equilíbrio vital mais desenvolvido ou apurado do que outros.

 

Nesta lógica de raciocínio, presumo que algumas pessoas questionem o que vem a ser este "senso de equilíbrio" que alguns indivíduos possuem de uma forma mais apurada do que outros. Portanto, respondo que tudo resume-se em um "estado de coisas" que envolve a percepção do ser inteligente inserido em seu contexto vital, onde o "eu" é apenas um instrumento que move um mecanismo consciente de crescimento pessoal e integral.

 

Indivíduos em estado de equilíbrio conseguem lidar melhor com as dores da alma porque aprenderam com a própria experiência a administrar os seus altos e baixos durante o processo de interação com o mundo. Conquistaram, desta forma, uma certa estabilidade emocional que os mantém conectados com a própria capacidade de discernir e avaliar o momento vital através da lucidez, que é o farol que ilumina a consciência e liberta o indivíduo do cativeiro de si mesmo.

 

Portanto, o autoconhecimento é a base para que o indivíduo altere o seu padrão emocional de traço predominantemente negativo. E esta "base" pode ser alcançada com uma educação parental equilibrada, um acompanhamento psicoterapêutico que tenha em sua práxis a regressão de memória, ou através da fé religiosa raciocinada que leve o indivíduo a compreender as causas do sofrimento e decorrente estado de desequilíbrio ou desarmonia vital.

 

O senso de equilíbrio é uma conquista da pessoa que investe em si mesma, mas com um olhar que abrange o bem-estar do outro. É um estado existencial que atesta sanidade física, mental e espiritual livre de processos obsessivos que contaminam energeticamente indivíduos que se submetem aos desequilíbrios da inconsciência sem alterar o paradigma emocional-comportamental que os acompanha há longo tempo.

 

A escuridão da inconsciência é uma característica do espírito imperfeito que revela-se de uma forma interdimensional durante o processo de autodescoberta. Situação que ocorre com o indivíduo que busca com a clareza de consciência, o despertar para o significado da vida a partir do amor próprio em comunhão com a dinâmica do amor abrangente que envolve a existência humana no contexto universal.

 

Como referiu-se Carl Gustav Jung ao registrar "que ninguém torna-se iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão", a antítese do fluir vital, revela em suas sombras o medo, a culpa, a mágoa, a revolta e a perda como sentimentos que bloqueiam a visão existencial para a necessidade do despertar de consciência, que uma vez conquistada, torna-se um importante passo dado na direção da verdade sobre si mesmo.

 

Fonte: Flavio Bastos, psicanalista

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