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I Ching: Considerações de Jung sobre o significado do I Ching

Não há uma resposta direta a essa pergunta. Um escritor contemporâneo (Norman Mailer), perguntado sobre se acreditava em vida após morte, respondeu que preferia não comentar, pois era um assunto em que se sentiria igualmente tolo dizendo que sim ou que não.

O I Ching se encontra nessa categoria de assuntos. Uma eminência ocidental, o psicanalista Jung, manifestou publicamente sua crença nos vaticínios do I Ching (e fez uso dele durante toda sua vida).

O matemático Leibniz dedicou-se aos estudos dos hexagramas de Fu Hsi, julgando encontrar similaridades com o sistema binário (aritmética binária) que havia descoberto e que hoje é usado pelos computadores.

Freud e seu grupo condenavam Jung e Reich por seu misticismo; no entanto, Abraham, um dos mais chegados a Freud, quando gravemente enfermo, operou-se com Fliess (correspondente e confidente de Freud), igualmente místico, que determinou o dia mais favorável ao ato cirúrgico através de cálculos do ritmo universal, qual um astrônomo.

Além disso, o próprio Freud nos deixou uma definição intrigante de misticismo. Para ele, o misticismo seria a autopercepção obscura do reino do inconsciente, além do Ego.

Muitos atribuem valor ao Grande Livro; outros o julgam um mero livro de adivinhações.

Não importa. Há muitas formas de ver o I Ching. Pode-se acreditar em seu valor absoluto, intrínseco; pode-se como Jung, acreditar que ele tem o poder de trazer do inconsciente para a superfície da mente o aparato que nos possibilita ver um problema em suas reais dimensões e deduzir os meios de tratá-los; ou pode-se finalmente, ver o livro como um oráculo, mas um livro de cultura e sabedoria cristalizadas ao longo de quarenta séculos.

Idade pelo menos duas vezes maior que a do grande livro sagrado ocidental: a Bíblia.

Dessa forma, como resposta à questão proposta no início, preferimos deixar as palavras de Carl Gustav Jung:

"O I Ching não oferece provas nem resultados; não faz alarde de si, nem é de fácil abordagem. Como se fora uma parte da natureza, espera até que o descubramos. Aqueles a quem não agradar não tem porque usá-lo, e quem se opuser a ele não é obrigado a achá-lo verdadeiro. Deixem-no apenas ir mundo afora para benefício de outros".


*Izildinha Santucci baseado no livro de Paulo Barroso Jr., "I CHING, a mais bela aventura criativa da humanidade.
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